Pop Rock
9 MARÇO 1994
9 MARÇO 1994
ANO DE GRAÇA
Maddy Prior vem cantar de novo a Portugal. Depois de uma primeira actuação, falhada, em 1991, na estreia do Folktejo e de uma rectificação memorável rubricada no ano seguinte no festival Intercéltico do Porto. Os dias 11 e 12 de Março são as datas confirmadas para os concertos da vocalista dos Steeleye Span em Portugal, com organização dos Concertos de Portugal e integrados na digressão europeia da cantora, de promoção ao seu novo disco a solo, “Year”, inspirado nas quatro estações do ano e cujo tema principal foi apresentado pela primeira vez ao vivo no nosso país no referido Intercéltico.
Com uma carreira iniciada em 1968, na companhia de Tim Hart, com quem gravou os dois volumes de “Folk Songs of Olde England” e “Summer Solstice”, Maddy Prior explodiu na cena folk britânica como vocalista dos Steeleye Span, ao lado dos Fairport Convention, uma das bandas responsáveis pelo aparecimento da corrente folk rock em Inglaterra, no início da década de 70. Com os Steeleye Span, por onde passaram os grandes mestres Martin Carthy e Ashley Hutchings, Prior recolheu para o seu currículo obras fundamentais – descontando a estreia, algo incipiente, “Hark! The Village Waits”, e a colaboração com Martin Carthy em “Shearwater”, de 1971 – como “Please To See The King” (considerado “álbum folk do ano”, em 1971, pelo jornal “Melody Maker”, que nessa época apresentava uma secção de música folk), “Ten Man Mop Or Mr. Reservoir Butler Rides Again”, “Below The Salt”, “Parcel Of Rogues” e “Now We Are Six”, de 1974, data a partir da qual os Steeleye Span entraram em decadência irreversível, vivendo hoje à sombra do nome e da fama granjeados no passado.
Com June Tabor, a sua grande “rival” e amiga de sempre, Maddy Prior assinou dois álbuns de antologia, sob a designação Silly Sisters: “Silly Sisters”, de 1976, e, doze anos volvidos, a obra-prima “No More To The Dance”. A partir de 1987, Maddy Prior passou a integrar um projecto denominado The Carnival Band, que faz a aproximação da folk inglesa com a música antiga, medieval e renascentista. Desta banda foram editados até à data os álbuns “A Tapestry Of Carols” (dedicado às canções de Natal da tradição inglesa, bem como de outras regiões da Europa céltica), “Sing Lustilly And With Good Courage” e “Carols & Capers”, de novo subordinado à temática do Natal.
Esta dispersão de talento é, de resto, parte intrínseca da sua personalidade, expressa numa bisca constante de novas fórmulas e formatos adequáveis a sua voz. “A variedade é algo por que luto e que representa o meu próprio eu”, declarou Maddy um dia. “Gostaria de não ter tido tanto medo no início. Devia ter tentado mais coisas, ter-me atrevido e arriscar. Procurem-me daqui a outros vinte anos e provavelmente direi que deveria ter arriscado mais agora!...”
A solo, onde paradoxalmente a cantora obteve até agora resultados artísticos menos interessantes, Maddy Prior gravou “Woman In The Wings”, “Changing Winds”, ambos de 1978 – o mesmo ano em que emprestou a sua voz ao duplo álbum de Mike Oldfield, “Incantantions” –, “Hooked On Winning” e “Happy Families”, este de parceria com o seu actual marido e membros dos Steeleye Span, Rick Kemp. O novo “Year” veio inverter esta tendência.
11 DE MARÇO, CASA DA CULTURA, COIMBRA, 22H
12 DE MARÇO, TEATRO S. LUIZ, LISBOA, 22H
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