11/05/2008

"M2", como uma G3 [Nuno Rebelo]

POP ROCK
25 de Setembro de 1996

Nuno Rebelo lança compacto com música para coreografias

“M2”, COMO UMA G3

Nuno Rebelo tem finalmente um novo álbum. Chama-se “M2” e é o segundo em toda a sua carreira, depois de a edição, em 1989, de “Sagração do Mês de Maio” sofrer um sem-número de aventuras e desventuras, passando ao lado de um êxito que, de todo, merecia. Mas, se este antigo elemento dos Street Kids, Mler Ife Dada e, mais recentemente, dos Polpoplot Pot não tem recebido os favores da indústria discográfica, o mesmo não se pode dizer da sua actividade no campo das “performances” musicais ao vivo, de que são exemplo a composição e interpretação “in loco” de bandas sonoras feitas “a posteriori” para obras do cinema mudo, como o “Nosferatu”, de Murnau, ou “Douro, Faina Fluvial”, de Manoel de Oliveira, com a Poliploc Orkeshtra/Ensemble.
“M2” inclui duas peças. A primeira tem por título “Sábado 2”, sendo composta para uma coreografia de Paulo Ribeiro estreada em Junho do ano passado. Música gravada e tocada em tempo real, com Nuno Rebelo na guitarra eléctrica, baixo, percussões acústicas e electrónicas e “alguns teclados, poucos” e Paulo Curado no saxofone. A segunda, “Minimal show”, foi composta para uma peça de teatro encenada por José Wallenstein e apresentada pela primeira vez no âmbito do Lisboa-94 no Teatro da Cornucópia. Ao contrário de “Sábado 2”, é, explica o autor, “música sequenciada” onde a electrónica se divide pelas programações de computador e a inclusão de “samples” de instrumentos gravados previamente por Rebelo, como trombone, violino ou clarinete, e de outros “roubados aqui e ali”.
A apresentação oficial de “M2” terá lugar hoje, a partir das 21h30, na Galeria Zé dos Bois, na Rua de São Paulo, 62, em Lisboa. “Primeiro pensava que era só para se beber uns copos e conversar com as pessoas.” Afinal vai ser algo mais. Pediram-lhe para tocar, na ocasião, ao vivo. Nuno Rebelo acedeu, concordando em “tocar um bocadinho”, que é como quem diz, fazer “improvisação total”, em conjunto com Paulo Curado, uma vez que as duas peças de “M2” “são impossíveis de tocar sozinho em palco”. O compacto tem o selo Ananana e está, para já, a “acertar nos sítios certos”. “O Paulo [Paulo Somsen, da Ananana] telefonou-me há dias a dizer que tinha recebido um fax do Chris Cutler a elogiar imenso o disco.” Para Nuno Rebelo, artista na acepção mais pura do termo, foi “um tiro no alvo”.

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