Y 28|NOVEMBRO|2003
roteiro|discos
MOLA DUDLE
O Futuro só se Diz em Particular
Ed. e distri. Ananana
7|10
Consumada
a cisão nos Mola Dudle, Nanu é agora o porta-voz de uma música que diverge
radicalmente do anterior álbum do grupo, “Mobília”. A palavra e as vocalizações
tornaram-se essenciais na economia do projecto ainda que as “canções” continuem
a pautar-se pelo esforço em “fazer diferente”. Mas algo se perdeu no desfazer
da mobília. A música parece ter-se deixado apanhar pelo vírus do “estilo”,
caindo em tiques de uma certa pseudomodernidade pop que afasta “O Futuro só se
Diz em Particular” do anterior experimentalismo, considerando, apesar e tudo,
que um tema como “Redrock one:um” possa ser uma leitura irónica desse mesmo
universo de referências. Num álbum em cuja lista de convidados constam Manuela
Azevedo, dos Clã, e Armando Teixeira, presenças que, de certa forma, ajudam a
compreender a mudança de orientação, ajuste-se a sensibilidade ao chique de
arranjos de cordas à la Kronos Quartet, versos em francês, atmosferas de “film
noir”, valsas, Nova Huta, e um tema, “Diva”, digno dos A Fúria do Açúcar. A
Mola não quebrou mas faz agora parte de um maquinismo pronto a usar.
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