Y 5|DEZEMBRO|2003
roteiro|discos
ZAPPANOIA
Portuguese Extraction
Ed. e distri. ReflectRir
7|10
O
projeto é tão louco como qualquer outro: interpretar exclusivamente a música de
Frank Zappa. Faz sentido, se considerarmos que o guitarrista e compositor deixou
um vasto acervo com lugar no das grandes músicas do século passado. Faz menos,
quando a réplica pretende ser, como neste caso, o mais fiel possível ao
original. Tarefa ingrata, porque a música de Zappa é feita à imagem do seu
autor: única e original. Daí a dificuldade, mas também o desafio, que se pôs ao
quarteto português (ao vivo, a formação alarga-se para sexteto e septeto, com
metais e a inclusão de uma vibrafonista). As notas estão no lugar certo,
importante numa música que exigiu sempre dos seus executantes o máximo de
virtuosismo, mas falta o nervo, a paranóia, o golpe de asa. “Information is not knowledge”, lê-se, aliás, na capa. Eduardo Cunha não se coíbe
de solar na guitarra mas a principal falha reside nas suas vocalizações,
demasiado “lisas” e num inglês a que falta o acento americano do mestre. Ao
mesmo nível do guitarrista estão igualmente os desempenhos instrumentais de Diogo
Sotto-Mayor, nas teclas, Rui Soisa, no baixo, e João Luís Lobo, na bateria, em
clássicos como “Cosmik debris”, “Dirty love”, “Zoot allures”,
“Love of my life” e “Peaches in regalia”. Zappa continua a deixar crescer o bigode em
Portugal.
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