CULTURA
SÁBADO, 12 MAR 2005
Dave Douglas apresenta jazz montanhês no
CCB
Trompetista do ano, utiliza rock, música clássica e batidas eletrónicas
na sua música
Como nas montanhas, na música de
Dave Douglas existem mais altos do que baixos. Douglas, que nos últimos três
anos foi distinguido pelo Annual Critics Choice como trompetista do ano,
apresenta hoje à noite no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, em
Lisboa, o seu novo álbum, Mountain Passages, inspirado e dedicado ao seu pai,
falecido em 2003, Damon Douglas, cartógrafo e montanhista.
Damon
Douglas defendia em The Bridge not Taken; Benedict Arnold Outwitted que novos
trilhos deveriam ser desbravados para se melhor se compreender a relação do
homem com a floresta. Da mesma maneira se poderá dizer que novas vias têm que
ser abertas musicalmente para melhor se compreender a relação do músico com o
jazz. É isso que Dave Douglas tem feito ao longo de uma discografia sempre
inovadora e provocatória que inclui álbuns como Constellations (ainda com o
Tiny Bell Trio), Moving Portrait, Convergence, A Thousand Evenings e os mais
recentes Witness, The Infinite e Strange Liberation.
A
relação com a montanha foi de tal maneira forte que a estreia mundial deste
trabalho teve lugar, em Agosto de 2003, nas montanhas Dolomitas, em plenos
Alpes italianos, a 3000m. O que de início seria algo definido pelo compositor
como “música para montanhas imaginárias” acabou por se transformar literalmente
em algo geograficamente mais palpável, como se toda a dimensão multifacetada
dos sons fosse cartografada nos mais ínfimos pormenores do seu relevo.
Dave
Douglas foi sempre um músico que soube incorporar na sua música elementos
alheios ao jazz, desde a música clássica, à contemporânea, passando pela música
de câmara, o klezmer, o rock e mesmo algumas batidas eletrónicas a roçarem a
música de dança. Prova deste ecletismo é o facto de ter participado como
convidado em discos de artistas pop como Suzanne Veja, The Band, Sheryl Crow,
Sean Lennon, Cibo Matto e Ron Sexmith.
A
sua atividade enquanto líder “explodiu” nos anos 90 – depois de ter integrado
nos anos 80 os Doctor Nerve e os Masada, de John Zorn – quando assinou para a
Soul Note o álbum Parallel Worlds. A sua última formação, com a qual tocará em
Portugal pela terceira vez (já atuou nos festivais do Seixal e de Ponta
Delgada), designada Nomad, é constituída por Michael Moore (sopros), Rubin
Kodheli (violoncelo), Marcus Rojas (tuba) e Tyshawn Sorey (percussão). Em
Lisboa, apetece dizer que se Dave Douglas não vai à montanha, a montanha vem a
Dave Douglas.
Dave Douglas
LISBOA
Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém. Pç. Império. Tel.: 213612400. Às
21h. Bilhetes: 12,50 e 15 euros.
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