29/09/2021

Doze mil prestaram vassalagem ao "rei" no Pavilhão Atlântico [Roberto Carlos]

CULTURA
DOMINGO, 13 MAR 2005
 
Doze mil prestaram vassalagem ao “rei” no Pavilhão Atlântico
 
DOIS CONCERTOS EM LISBOA
 
Meia hora antes da hora marcada já uma pequena multidão se dirigia apressada para o pavilhão, ávida de ver o seu ídolo
 
Para as doze mil pessoas que na sexta-feira encheram o Pavilhão Atlântico, em Lisboa, Roberto Carlos é mesmo o maior “cantor romântico”, capaz de encher os corações de júbilo e nostalgia. Ontem à noite, o concerto repetiu-se.
            No primeiro concerto, a faixa etária prevalecente era constituída por veteranos mas também se viam alguns casais de jovens que em casa ouviam Roberto Carlos através dos discos que pais têm em casa. Para todos, o cantor brasileiro representa uma espécie de trovador eterno das coisas do amor e é por essa razão que não faltaram ao encontro.
            Edite Botelho, 52 anos, bancária, é fã “incondicional”, desde a juventude, Edite é mãe de Carlos Sampaio, que entrou numa das edições televisivas do “Big Brother dos Famosos”. Esteve quase, quase, para chamar ao filho “Roberto Carlos”. “Só não foi porque o meu ex-marido não deixou”. “Emoções” e “Detalhes” são as suas canções preferidas do “rei”. Maria do Carmo, 57 anos, é a “primeira vez” que vem a um concerto do seu ídolo. Também é fã desde tenra idade. Elege “As baleias”, “Café da manhã”, “Amada amante” e “Jesus Cristo” como as músicas preferidas. Catarina, 28 anos veio “mais por causa da mãe”, gosta da música porque é “romântica”. A mãe, de 55 anos, veio “recordar tempos antigos”.
            David Oliveira, 23 anos, designer, conhece Roberto Carlos “desde pequenino”, quando ouvia o cantor em casa dos pais e dos avós. “Traz uma certa nostalgia”. Gosta de “O calhambeque” e “Café da manhã”.
            Mas o que explica o sucesso deste cantor já sessentão, entre mais novos e mais velhos, é a empatia que se cria em palco, como se cada canção fosse cantada em particular para cada um de quem as ouve, numa espécie de segredo partilhado que resiste à passagem dos anos. Manuel Penedo, 47 anos, tinha “seis anos” quando ouviu Roberto Carlos pela primeira vez. “Foi em 1966, lembro-me do campeonato do mundo e de o ouvir cantar nessa altura”. Gosta de todas as músicas mas sobretudo de “O calhambeque”. Antónia é secretária, tem 46 anos e “há mais de 30” que ouve o cantor. “A minha tia ouvia sempre e eu habituei-me a gostar, de ‘O calhambeque’ e daquelas coisas...”. Jorge, 51 anos, empresário, apenas teve “uma deceção muito grande, da última vez” que Roberto Carlos atuou em Portugal, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. “Só atuou na segunda parte e as canções eram só extratos”.
            Durante a concerto a loucura instalou-se, com o público a cantar em coro algumas canções. Alguns, mais impacientes, gritavam a pedir a canção que faltava no seu diário pessoal de recordações.
            No final, um brilhozinho de felicidade faiscava nos olhos de todos. “Foi o máximo” era a expressão mais ouvida. As canções são “todas bonitas”, diz Tina Cruz, 52 anos, empresária. “Fartei-me de chorar. Como ele disse, há momentos tristes em que se cantam coisas alegres, hoje revivi todo o meu passado, estive triste e alegre ao mesmo tempo, no final acabou bem porque consegui chegar ao pé dele e levar uma rosinha.”

Sem comentários: