Rui Azul - À Bolina
18|FEVEREIRO|2005 Y
discos|roteiro
RUI AZUL
À Bolina
Registos
Autónomos, distri. MC – Mundo da Canção
7|10
Eis
um disco agradável, imaginativo, sugestivo e razoavelmente original no panorama
das “novas músicas”, tendência suave, da música portuguesa. Rui Azul, músico do
Porto, realizou sozinho “À Bolina”, um álbum de viagens, tema estafado quando
os itinerários repetem as rotas do turismo. Não é o caso de “À Bolina”, Azul,
além de produzir e arranjar, toca saxofone tenor, sax MIDI, flautas, rhaïta, zummara,
didgeridoo, darbuka, percussões étnicas, voz, teclados, samplers,
sequenciadores, programação e “loops”. Ah, sim, também foi ele que gravou,
misturou, masterizou, fez o desenho gráfico, a BD e os textos. “À Bolina” é um
álbum de boa fusão, entre jazz, “world” imaginária e eletrónica sequenciada. Vozes
deslocadas no espaço e no tempo, sons híbridos, batidas entre o computacional e
o ritual. A escola é óbvia: Musci/Vennosta, Benjamin Lew, Steve Shehan. Mas
Azul é bom colorista e sabe combinar os tons, dando de facto pistas para uma
viagem interior que é afinal cinema da imaginação. As ilustrações de BD têm
algo da “Garagem Hermética” de Moebius. Um passo à frente de Rão Kyao, Ficções
e Carlos Maria Canavarro/Nuno Canavarro na elaboração de fusões oníricas com
âncora, mais ou menos funda, em Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário