18/04/2018

Sacana da Meira Asher!



Fernando Magalhães
07.05.2002 150323

Ouvi ontem o "Infantry".
Se já não andava muito bem disposto, fiquei pior.

A sacana da israelita tem o condão de pegar nos temas mais incómodos e deprimentes e atirá-los à nossa cara.

Em "Infantry" o tema é o abuso de menores, nas suas várias vertentes. As letras são, em certos casos, aterradoras (descrições minuciosas de torturas, a morte que aniquila em instantes uma criança que atravessa uma rua num dia de sol e é baleada na cabeça).

Musicalmente, o álbum funciona num registo diferente (como o César já aqui fez notar) de "Spears into Hooks", mas o resultado talvez ainda seja mais perturbador. É eletrónica pegajosa, programações de máquinas com maus instintos e sobre este lancinante mundo sem alma, a voz de Meira a declamar/cuspir/vomitar palavras onde a dor e a crueldade são uma constante.

É um daqueles álbuns que se odeia, porque nos obriga a confrontar com o lado mais negro e miserável da condição humana.

Não lhe atribuo qualquer classificação, por enquanto. Ainda não me consegui distanciar.

Quanto ao novo dos Chicago Underground Duo, está, de facto, na linha do anterior "Synesthesia": Jazz-jazz, jazz digital, vibrafones ambientais, interlúdios eletrónicos, solos de R. mazurek na "cornet" (cujo som é um bocado mais irritante que o do trompete...). Bom, por vezes muito bom, sem ser brilhante.

Sobre as japonesas BUFFALO DAUGHTER...bem...aquilo é uma salada que às vezes atrai outras nos deixa sem saber o que pensar. Há um pouco de tudo em "I": Jazz third stream, Anna Homler, Astrud Gilberto, After Dinner, eletrónica a la Laurie Anderson com o toque de elegância japonesa, pop semi-psicadélica...
O todo fez-me lembrar frequentemente os...DONNA REGINA.

FM

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