26/05/2009

Morphine - B-Sides And Otherwise

Sons

24 de Outubro 1997
REEDIÇÕES - POP ROCK

Além disso e de outra maneira

Morphine
B-Sides and Otherwise (8)
Ryko, distri. MVM


Para quem gosta dos Morphine mas confessa estar já um pouco enfastiado com o estilo, demasiado balizado, do grupo, este poderá ser o álbum de reconciliação. Não que a música seja substancialmente diferente da dos álbuns anteriores ao ponto de justificar uma nova abordagem, mas a verdade é que “B-Sides and Otherwise” (“B-Sides” como “Besides”, para dar “Além disso e de outra maneira”) revela algumas facetas menos conhecidas dos Morphine, comparadas com a estética mais condensada dos seus álbuns oficiais.
Constituído por “singles”, sessões ao vivo na rádio e contribuições para bandas-sonoras e colectâneas (“Kerouac: Kicks Joy Darkness” e “Outstandinngly Ignited”), “B-Sides and Otherwise” começa por contradizer esta aparente dissidência, no modo como o sax de Dana Colley introduz logo de início as coordenadas habituais do grupo, em “I have a lucky day” e “All wrong”, lufadas de ar quente emitidas por uma turbina, embora neste último tema, gravado ao vivo em estúdio, seja óbvio que o saxofonista se sentiu mais liberto para discorrer num registo próximo da pura improvisação jazzística.
O campo sonoro alarga-se em “Bo’s veranda”, da banda-sonora de “Get Shorty”, para os lados da guitarra de Bill Frisell e da “Downtown” em geral. “Mile high”, de outra banda-sonora, “Things to do in Denver when you´re dead”, é terrível e desavergonhadamente “funky”, enquanto “Down love’s tributaries” (CD single retirado das sessões de “Cure for Pain”) articula a equação da electrónica com os “blues”. “Kerouac” é uma homenagem em forma de declamação a um dos papas de “beat generation” e “Sundayafternoonweightlessness” e “Virgin bride” (tema-bónus da versão australiana de “Like Swimming”) aproximam-se, respectivamente, dos universos de John Lurie e Nick Cave, para nos dois derradeiros temas, “Mail” e “My brain”, os Morphine se voltarem para formas paramusicais onde as vozes, de novo em tom de declamação e filtradas por processos electrónicos, adquirem um outro tipo de proeminência. Registe-se ainda a inclusão de “Pulled over the car”, da versão japonesa de “Yes”, e o CD single “Super sex”. Consumada a dieta, os ouvidos de novo arejados, aguarda-se ansiosamente a próxima onda incandescente de “low rock”.

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