07/06/2008

Luar Na Lubre - Ara-Solis

Pop Rock

19 de Julho de 1995
Álbuns world

“Dun tempo para sempre”

LUAR NA LUBRE

Ara-Solis (10)
Sons Galiza, distri. MC-Mundo da Canção

Nesta altura, os que já conhecem este grupo galego, e ainda mais os que tiveram oportunidade de assistir à sua actuação no Intercéltico de Abril passado, já deverão ter adquirido o disco e perguntado por que razão é que “o gajo do PÚBLICO” ainda não escreveu nada sobre ele. Têm toda a razão. As razões do atraso são as do costume: falta de espaço e excesso de oferta. Mas os outros, os que não fazem a mínima ideia de quem são os Luar na Lubre nem ouviram os anteriores “O Son do Ar” e “Beira-Atlântica”, merecem que recapitulemos este novo trabalho de uma das melhores bandas do actual circuito tradicional da Galiza.
Os Luar na Lubre vão pelo caminho que poderia ser hoje o dos Milladoiro, se estes não tivessem, a determinada altura, enveredado pela via do classicismo. Domínio perfeito da linguagem tradicional e um bom-gosto inexcedível nos arranjos, plenos de energia e subtilezas escondidas, conferem à música do grupo um grau de alta qualidade. Em termos individuais merece ser referido o fenomenal desempenho de Bieito Romero, na “gaita”. Na “Muiñera de Malpica” inicial consegue mesmo ser empolgante, o mesmo acontecendo em “Muiñeira de Poio”, com um balanço imparável, ou no tom “processional” (mais arrastado e apoiado no bordão) de “Marcha procesional de Mato”. No extremo posto da escala de timbres, a saliência vai para a harpa, clara e luminosa, de Cris Gandara, simplesmente em estado de encantamento na composição da sua autoria, “Nodaiga”. Com meios instrumentais riquíssimos à sua disposição (harpa, acordeão, bouzouki, violino, flauta, contrabaixo, gaita-de-foles galega e de Northumbrian…) e a capacidade para os aproveitar da melhor maneira, os Luar na Lubre têm o céu ao alcance da mão. E a poesia, que se desprende dos versos de “Dun tempo para sempre”, cantados por Ana Espinosa, sobre a cadência mágica de um “alalá”, ou “ailalelo” (cântico tradicional ancestral da Galiza): “Cando atoparemos/ druidas envoltos/ nos fumes das lubres/ nos bosques de emain? E o luar enfeitizado/ polas sombras que ainda emerxen/ da última noite/ noite de luar. Soños galopando/ xa rachan co silencio/ e o vento assubia/ acordes de alalás.” Um clássico.

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