08/09/2020

Woody Allen termina digressão europeia em Portugal


CULTURA
QUARTA-FEIRA, 29 DEZ 2004

Woody Allen termina digressão europeia em Portugal

Cineasta/músico atua no Estoril, na passagem de ano. As 800 entradas, a 500 euros cada, já estão esgotadas.

Não será grande músico de jazz, nem fará maravilhas com o clarinete. Mas em todas as salas onde Woody Allen – não o realizador de cinema, não o ator, mas o “jazzman” praticante – atua, com a sua New Orleans Jazz Band, as lotações esgotam-se. Foi o que já aconteceu para o próximo concerto da passagem no ano, no Casino Estoril, onde a New Orleans Jazz Band encerrará uma pequena digressão pela Europa.
            Assim aconteceu também em Espanha, onde a banda atuou antes de seguir para Portugal. Guadalajara, Madrid, Barcelona e Bilbau foram os pontos de passagem e em todos eles a presença do cineasta/músico suscitou o entusiasmo do público. Evidentemente, as plateias que vão ver e aplaudir Woody Allen a soprar num clarinete não são constituídas por melómanos nem sequer por ouvintes de jazz regulares, mas por curiosos desejosos de ver de perto uma das figuras públicas mais carismáticas de Nova Iorque.
            Nesta cidade, no hotel Carlyle, no Upper East Side de Manhattan, onde a New Orleans Jazz Band atua quase todas as segundas-feiras, são maioritariamente os turistas que pagam para ver e ouvir Woody Allen tocar jazz. No Estoril, por 500 euros, com direito a jantar, ceia e atuações musicais sortidas, também não é de esperar um grande concerto de jazz “dixieland”, género jazzístico arcaico em que a New Orleans Jazz Band se especializou. Quem vai, vai para se divertir e para poder dizer em 2005 que esteve ao lado de Woody Allen, o contador de histórias de Nova Iorque que gosta de tocar jazz também ele como forma de divertimento.

Próximo filme é só sobre jazz
Nos concertos, apesar de não ser um executante de exceção, Woody Allen tem direito ao seu solo da praxe, na boa tradição das antigas bandas de “dixieland” como as de Joe “King” Oliver e Sidney Bechet. O mesmo acontece com os restantes elementos do grupo, Eddy Davis (banjo e director de orquestra), Simon Wettenhall (trompete), Jerry Zigmont (trombone), Cynthia Sayer (piano), Robert Garcia (bateria) e Conal Fowles (contrabaixo). A New Orleans Jazz Band, apesar do seu amadorismo, já gravou dois álbuns, “The Bunk Project” e “Wild Man Blues”. No cinema, o jazz atravessa todo o imaginário da cinematografia do autor de “Annie Hall” e “Manhattan”. Paixão que Woody Allen tenciona aprofundar ainda mais quando levar a cabo o seu próximo filme, inteiramente dedicado ao jazz.


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