02/09/2020

Pink Floyd - The Wall Movie


Y 3|DEZEMBRO|2004
roteiro|cinema

|DVD

PINK FLOYD
The Wall Movie
Ed. e dsitri. Sony Music

8|10

“The Wall” é o tipo de filme, como todos os de Alan Parker, que os cinéfilos arrasam mas ao qual as pessoas normais acham piada. Tal disparidade de opiniões acentua-se ainda mais quando se contrapõem as opiniões dos fãs dos Pink Floyd. Exemplo. Certo crítico chamou a “The Wall” um “falhanço glorioso”. “Glorioso” pelas imagens “hipnoticamente chocantes” e “soberbamente fotografadas” por Peter Biziou. “Falhanço” por ser um “exercício rígido e sem remédio” fiel aos “tormentos psicológicos” de Roger Waters, mas destituído do “humor” que Waters cunhou no álbum de música com o mesmo nome. Logo um fã se abespinha, apressando-se a responder – uma obra que “de forma perfeita visualiza o brilhante conceito musical de ‘The Wall’”. O mesmo fã manifesta ainda a sua estranheza pela alusão ao “humor” presente no disco. Não há humor nenhum. Aliás, se há humor em “The Wall”, é tão negro que nem se nota. Digamos, por outras palavras, que “The Wall” é visualmente apelativo, mais que não seja pela força extraordinária dos desenhos animados com a assinatura de Gerald Scarfe. Haja efeitos especiais espetaculares que o pessoal fi ca satisfeito. Visto nesta perspetiva, é um bom filme. O DVD inclui “The Other Side of the Wall”, com o “Making of” do filme comentado e uma “Retrospective” na qual os intervenientes falam da fita. Parker aponta as reservas iniciais de Waters em relação ao desempenho de Pink por Bob Geldof (canções dos Floyd cantados por outra voz?) e o autor da música confirma o carácter autobiográfico mas apenas da primeira parte do filme (“nunca cheguei ao ponto de destruir quartos de hotéis”) e que várias cenas foram inspiradas em Syd Barrett, como aquela em que Pink rapa o corpo com uma Gilette. A edição inclui um poster, as letras das canções, uma galeria de desenhos de Scarfe, e um menu que pisca o olho à fase psicadélica do grupo, com um “Set the controls” e um “A saucerful of features”. O conceito geral? “Too much shows, too much dope, too much applause…”, sintetiza o realizador. E Waters: “Não quis que aparecessem imagens de espetáculos do grupo, mas apenas o que é adjacente a um concerto de rock ‘n’ roll”. Pintaram o muro de fresco.

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