Pop
Pretty Ugly
LP e CD Made to Measure, distri. Contraverso
Todos aqueles cuja relação com
Lindsay se reduz ao conhecimento dos exercícios funky perpetrados no seio dos
Ambitious Lovers ou às brasileiradas espalhadas um pouco por todo o lado,
incluindo a aventura a solo “Envy” ou a colaboração no fabuloso e heterodoxo
“Homem no Elevador” (“Der Mann Im Fahrstuhl”), da dupla Heiner Goebbels-Heiner
Muller, gravado para a ECM, ficam desde já informados que o disco agora em
questão não rigorosamente nada em comum com as características citadas.
Lindsay, juntamente com o produtor e músico Peter Scherer, este último
responsável por alguns dos mais excitantes trabalhos na área das músicas de
fusão nova-iorquinas (lembremos, por exemplo, os dois volumes de “Comme Des
Garçons”, com a assinatura de Seigen Ono), propuseram-se desta feita investir
direta e descomplexadamente nos territórios frequentemente minados do
experimentalismo. Com efeito, “Pretty Ugly”, título simultâneo do álbum e da
faixa de 26 minutos que ocupa a totalidade do primeiro lado, é uma teia
complexo de sonoridades eletrónicas, entre o ambiental e atonalidade próximas
da música concreta, não dispensando os dois minutos cantados em português
sub-repticiamente intercalados, por Lindsay, no meio da peça. A estrutura é
suportada por alicerces rítmicos computorizados ou pelas percussões
tradicionais do brasileiro Cyro Baptista. Nana Vasconcelos também é mencionado
na ficha técnica, limitando-se a dar palmas e a assobiar. Jill Jaffe toca
violino e viola de arco. O disco, como acontece na maioria das gravações da
série Made To Measure, engloba-se na categoria das “músicas de circunstância”,
neste caso tratando-se de uma composição comissionada para o ballet do mesmo
nome coreografado por Amanda Miller. Brilhante, como a quase totalidade das
obras deste catálogo.
QUARTA-FEIRA,
16 MAIO 1990 VIDEODISCOS
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