26/11/2008

Roger Eno - Swimming

Pop Rock

25 de Setembro de 1996
Poprock

Sonata de Outuno

ROGER ENO
Swimming (7)
All Saints, distri. MVM

O percurso musical do irmão mais novo de Brian Eno tem sofrido uma evolução curiosa de seguir. Primeiro foi a transposição do sublime niilismo “maçon” de Erik Satie para um contexto ambiental, em “Voices”, para nós, ainda o seu melhor álbum. Seguiu-se a música de câmara e o fascínio pelos brinquedos acústicos, em “Between tides”, para na colaboração com a antiga vocalista dos Dream Academy, Kate St. John, se fragilizar no bucolismo, muito “british”, de “The Familiar”. Regressou ao classicismo, mas agira condimentado pelo melaço pseudominimalista de instrutores como Michael Nyman e Wim Mertens, em “In a Room” e “Lost in Translation” e aí parecia querer ficar a dormitar até que neste seu novo trabalhou despertou de novo com o formato de “canção”, só que desta vez sendo ele próprio a encarregar-se das vocalizações. “Descobriu” igualmente as delícias da música tradicional de raiz céltica. A polca/valsa de abertura é uma leitura superficial da “folk”, na atitude e no modo idêntica à de Mike Oldflield nos primórdios de carreira (no seu novo álbum, “Voyager”, regressou em força ao celtismo, embora o resultado seja para esquecer), em temas como “The sailor’s hornpipe”. O golpe de rins vem a seguir, em duas canções que se diriam decalcadas do fundo de catálogo do irmão, “The whole wide world” e “the slow river”, onde mesmo os títulos parecem pertencer a álbuns como “Another Green World” e “Before and after Science”. “In water”, por sua vez, corresponde à fase “Apollo Atmospheres & Soundtracks” do irmão e “Amukidi” é um jogo coral de ressonâncias africanas “A capella”. No título-tema ressalta a costela satieana, num “nocturno” ondulatório embalado por um acordeão e um piano de flores, ideal para acompanhar devaneios nas margens do Sena. “Over the hills” lembra as baladas dos King Crimson, ainda com Peter Sinfield, o tradicional “The boatman” mistura a pianada romântica “à la” Wim Mertens, um vibrafone de água e canto gaélico e “Hewendawa” é Enya no masculino. O mistério, marítimo ou não, fica a pairar em “Aryis”, para nós o melhor tema do disco e aquele que poderia lançar Roger Eno nas fileiras da ECM. O Outuno começa aqui.

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