14/11/2008

Monstro mutante [Uatki]

Pop Rock

25 de Janeiro de 1995

MONSTRO MUTANTE

O grupo instrumental Uakti actua em Portugal no próximo dia 31, no Centro Cultural de Belém. O quarteto, formado por Paulo Sérgio Santos, Artur Andres, Decio de Souza Ramos e o director artístico Marco António Guimarães, todos com formação clássica e naturais de Belo Horizonte, dedica-se à exploração das sonoridades de instrumentos, percussivos, de corda e de vento, com nomes tão estranhos como “aqualung” ou “panetário”, fabricados pelos seus próprios membros, em materiais como o vidro, tubos de plástico, metais, borracha ou cabaças. A designação “Uakti” provém de uma história tradicional dos índios Tucano, da Amazónia, sobre um monstro da floresta cujo corpo era um instrumento musical. Reza a lenda que o vento, ao passar pelos orifícios do seu corpo, produzia um som que atraía e seduzia as mulheres da tribo.
Com espectáculos realizados em todo o mundo, desde 1980, os Uakti participaram já em discos de Paul Simon, Milton Nascimento e Manhattan Transfer, entre outros. O ano passado o grupo fez uma digressão pelos Estados Unidos com Stewart Copeland, antigo baterista dos Police. A música dos Uakti, uma síntese interessantíssima que alia um rigor rítmico quase matemático, devedor das técnicas minimalistas, aos timbres luxuriantes inspirados na música tradicional do Brasil, não passou despercebida a Philip Glass, que ouviu pela primeira vez o grupo no álbum “Rhythm of the Saints”, de Paul Simon, e os convidou em seguida para a sua editora Point Music, fruto da associação das produções Euphorbia com o departamento de música clássica da Philips.
Nesta editora, os Uakti editaram o álbum “Mapa”, uma gema multicor de ritmos cristalinos e sonoridades de selva virtual, produzido por Philip Glass, Rory Johnston e Kurt Munkacsi, de 1993, e o ano passado “I-Ching”, mais analítico e voltado para uma vertente erudita, inspirado no Livro Chinês das Mutações, ambos com distribuição portuguesa pela Polygram, mas bastante difíceis de encontrar nos escaparates nacionais. Uma situação que se poderá modificar com a realização do concerto, já que a música excelente dos Uakti o merece amplamente. A obra discográfica anterior inclui ainda os álbuns “Uakti Oficina Instrumental”, de 81, “Uakti 2”, de 84, e “Tudo e Todas as Coisas”, também de 84, todos com selo Polygram.



UAKTI
CCB (Lisboa) – terça – 31 – 22h

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