11/11/2008

Tom Petty - Wild Flowers

Pop Rock

2 de Novembro de 1994
ÁLBUNS POP ROCK

Tom Petty
Wild Flowers
Warner, distri. Warner port.

Não há, definitivamente, valores adquiridos no sector musical. Vejam agora o caso de Tom Petty. A eterna vedeta secundária vocacionada para os “pastiches” das glórias passadas da história do rock acaba de lançar uma obra de fundo. O passo não é, todavia, sem precedentes e prossegue o rumo traçado em 1989 com o seu primeiro álbum a solo, ou a estratégia de romper com o som “southern” monolítico da sua banda, os Heartbreakers. A pedra de toque desta abertura a novas experiências reside na escolha dos produtores e, se aquele disco era produzido por Jeff Lyne (seu parceiro nos Travelling Wilburys), este traz a chancela de Rick Rubin. Ora Rubin, o maestro da Def Jam, especializado em bandas radicais, surpreendeu tudo e todos quando, já este ano, produziu o veterano Johnny Cash, despojando-o de todo o acompanhamento, num álbum com a crueza e a mística de uma lenda viva a sós com a sua guitarra.
Tom Petty não tem esse carisma, nem nunca terá, mas Rubin aplicou-lhe um tratamento de choque muito no género. Assim, a maior parte dos temas em “Wild Flower” são acústicos ou de base acústica, trocando Petty as suas usuais vocalizações soalhentas, por um registo bem mais austero e dramático. As suas canções tratam agora de vagabundagem, da sina de andar pela estrada sem poiso nem destino fixo, lamentando a solidão que isso implica, mas também o gozo que confere a total liberdade. Petty ressurge assim no papel de um cantor/compositor amadurecido, de um trovador errante calejado pelos tombos da vida, reformulando a sua proverbial jovialidade numa melancolia do tipo fatalista. Claro que, depois, há as inevitáveis referências a Dylan, Beatles e, sobretudo, George Harrison, umas investidas no rockabilly e até no glam rock, mas filtradas segundo uma nova profundidade. Quando, em “Don’t fade on me”, Petty lastima a desistência daqueles que antes quiseram ir demasiado longe, somos levados a concordar e a admitir que, no rock, os frutos de juventude não são obrigatoriamente os mais suculentos. (8)

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