Pop Rock
12 Março 1997
reedições
12 Março 1997
reedições
Fura fura
The Residents
Not Available (9)
The Third Reich ’n’ Roll (8)
Duck Stab/Buster & Glen (8)
Fingerprince (8)
Eskimo (9)
EURO-RALPH, IMPORT. SYMBIOSE
Anteriormente disponível na Torso, a discografia dos anos 70 dos Residents volta aos escaparates, agora pela subsidiária europeia da Ralph, em formato “digipak” e com considerável melhoria de som. Não foi contemplada a estreia oficial do grupo, a sátira aos Beatles, “Meet the Residents”, mas, em compensação, uma das obras-primas do grupo, “Not Available”, passou a ter um som decente, uma vez que a anterior versão em compacto da Torso era simplesmente vergonhosa, abafada e sem graves (fenómeno idêntico ao de outros dois compactos com trabalhos seminais, que adulteram completamente o som de origem, “Tago Mago” dos Can e “Unrest” dos Henry Cow. Não há maneira de resolver o problema?).
“Not Available” é a odisseia trágica-marítima dos Residents que devia obedecer, mas não obedeceu, à teoria da obscuridade, ou seja, só deveria ser editado quando já ninguém se lembrasse da sua existência. Gravado em 1974, acabou por ver a luz do dia em 1978. É algo de único na pop dos anos 70, entre um desenho animado para adultos autistas e um cântico de marinheiros de um navio-fantasma seduzidos por Edweena, rainha dos pesadelos.
“The Third Reich ‘n’ Roll”, de 1976, com duas sequências “célebres”, “Swastikas on the Parade” e “Hitler was a vegetarian”, apresenta um alinhamento paranóico de “hits” dos anos 60, como existiam nas mentes retorcidas dos Residents. A culminar o massacre, uma versão comatosa de “Hey Jude”, dos Beatles, é o desrespeito total pela obra dos “fabulous four” e uma apologia à disformidade. Os Beatles não se queixaram, mas a pop sofreu um rude golpe na sua reputação. Mesmo que poucos tivessem reparado.
“Duck Stab/Buster & Glen”, de 1978, surge numa edição com dois CD de três polegadas, respeitando assim a separação entre os dois projectos, contrariando, deste modo, a da Torso, onde “Buster & Glen” aparece como um apêndice de “Duck Stab”. Aqui a electrónica solta-se de forma mais convencional e as canções poderiam mesmo entrar para o top de vendas da quinta dimensão, como “The electrocutioner”.
No ano seguinte, 1979, surge “Fingerprince”, música para bailado de onde se destaca a “suite” “Six Things to a Cycle”. A edição inclui o três polegadas “Babyfingers”, com a sequência de temas original, ao contrário da edição da Torso, onde os temas aparecem intercalados no resto do álbum e deixam de fora “Monstrous intro”.
“Eskimo”, ainda de 1979, sobe de novo a fasquia à altura das obras capitais. Sobre um ruído insistente de vento os Residents apresentam a sua tese de antropologia patológica da vida e costumes dos esquimós. Um trabalho no qual qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência, tão arrepiante como as regiões geladas em que se inspira. Dos homens com feitio de globo ocular e cartola saíram ainda “digipaks” da colectânea “Our Finest Flowers” e a colecção de remisturas de um dos temas-ícone dos Residents, “Kaw-liga”: “The Poor Kaw-Liga Pain”.
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