11/12/2008

The Who - The Who By Numbers + Who Are You

Pop Rock

5 Fevereiro 1997
reedições

The Who
The Who by Numbers (6)
Who are You (5)
POLYDOR, DISTRI. POLYGRAM

A questão que Pete Townshend colocava em 1975, com “The Who by Numbers”, para os The Who, consumado o êxito e a qualidade dos projectos anteriores, “Who’s Next” e “Quadrophenia”, dizia respeito à própria sobrevivência artística do grupo que, à época, começou a ser hostilizado pela imprensa. Para o guitarrista, chegado aos 30 anos de idade (“espero morrer antes de ficar velho”, foi a declaração proferida por si nessa altura, acabando por ser o baterista Keith Moon a levá-la à prática), era a confrontação com o estatuto de “star” e a verificação de se andar a imitar a si próprio, nos “clichés” dos espectáculos ao vivo. “Slip kid”, o tema de abertura, coloca desde logo o problema da liberdade, pessoal e artística, desde sempre duas obsessões do músico. A resposta foi dada através de um trabalho de depuração do “rock’n’roll”, das guitarras, desenvencilhadas da anterior carga de formalismo, e da voz, tornada imagem de marca do grupo, de Roger Daltrey.
Três anos depois, em “Who are You”, o derradeiro álbum com a presença de Keith Moon, que viria a falecer vítima de todos os excessos, os sintetizadores reapareceram, após o pioneirismo minimalista, num contexto Rock, de “Who’s Next”, para pintar velhas inquietações, agora revertidas, de novo, para preocupações religiosas, mas já libertas da alçada do guru Baba Yaga. O “punk” eclodira entretanto, havendo uma contradição entre o facto de os The Who serem pais espirituais do movimento e ao mesmo tempo, neste álbum, renegarem os seus princípios estéticos (?) e o seu niilismo. “Who are you” está, de facto, mais próximo, por vezes, da pop electrónica, da pompa sinfónica FM e do “disco” que da rebeldia “punk”. “Who are you”? A pergunta fazia todo o sentido, nessa constante procura de Pete Townshend, de uma relação mística entre o grupo e o seu público. Mas a época era de raiva e os The Who não resistiriam, vindo a ser esmagados pelo mito que eles próprios haviam criado. Estes dois álbuns ajudam a perceber porquê. Agora remisturados, remasterizados, reembalados e aumentados com temas extra.

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