Pop Rock
5 Fevereiro 1997
poprock
5 Fevereiro 1997
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VÁRIOS
Millenium (Música para o Terceiro Milénio) (4)
EMI
Está feito. A “música para o terceiro milénio” virá do fundo de catálogo. O futuro passa pela novidade e inovação, mas estas já estavam guardadas há muito. Novos artistas modificarão a face do planeta musical. Preparem-se os espíritos para os sons e nomes que hão-de vir, cujos nomes se mantiveram religiosamente resguardados dos olhos do público, nas últimas décadas.
Já estão todos neste disco: Amália Rodrigues, António Pinho Vargas, Banda do Casaco, Carlos Paredes, Fernando Lopes-Graça, Heróis do Mar, Madredeus, Rui Veloso, Sétima Legião, Ala dos Namorados, Nuno Rebelo, Lua Extravagante, Janita Salomé, Diva, Cantares de Idanha-a-Nova, Carlos Seixas. Tudo gente desconhecida, que irá revelar-se nos próximos mil anos.
Os álbuns de onde foram retirados os diversos temas, representam, cada um, uma determinada corrente “new age”. Todas ficarão, decerto, nos ouvidos da humanidade e na história do futuro: “A um Deus Desconhecido”, “Movimento Perpétuo”, “A Cantar ao Sol”, “O Melhor de Amália – Estranha Forma de Vida”, “Existir”, “Macau”, “Fora de Moda”, entre outros. Estranhos nomes, que, curiosamente, parecem despertar em nós memórias adormecidas.
O padre António Vieira, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva já tinham profetizado a chegada de D. Sebastião. Mais do que um, se fosse preciso. Não podiam adivinhar é que eram tantos. “Millenium” é, então, música “new age”. Ou, talvez melhor dizendo, música para a “new age”. Como tal, o texto que nos embala, perdão, da embalagem, apela ao que de melhor e mais manso rumina no coração dos homens. A capa está adornada de paisagens, infinitos, mar e nuvens. É o céu da música portuguesa ao alcance da mão e das bolsas.Os artistas, claro, não têm nada que ver com esta história. A sua música vale pelo que vale, o que, na maioria dos casos, é muito ou muitíssimo. Os discos atrás mencionados fizeram, de facto, história. Tiveram o seu tempo de glória. São lícitas as colectâneas deste tipo. Pois são. E até dão. O que será mais antipático é procurar capitalizar universos tão distintos, por vezes antagónicos, englobando-os no saco – quase sempre roto – e na estética, tantas vezes conformista, da “new age”. Enfim, até poderão existir tansos que pensem que Sétima Legião, Lua Extravagante, Madredeus ou Ala dos Namorados são designações de seitas do milénio. O futuro é ontem.
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