Pop Rock
26 Fevereiro 1997
26 Fevereiro 1997
Tarwater
Eleven/Six Twelve/Ten
KITTY-YO, DISTRI. SYMBIOSE
Antes de mais: alguém se quer dar ao incómodo de nos dizer quem são os Tarwater? E, já agora, sobre a editora? É que não existe qualquer espécie de informação. Valeria a pena esmiuçar a vida, já nem diríamos íntima, do grupo, porque o disco que agora nos chegou às mãos é um objecto bastante especial. De concreto, sabe-se que “Eleven/Six Twelve/Ten” é o segundo trabalho de uma série intitulada “Solar Money System”, sucedendo a “John Donne – Death’s Duell”. O próximo já tem nome: “Rabbit Moon”. O álbum foi gravado em Berlim e tudo aponta para que a banda seja alemã. A embalagem é um “digipak” estreitinho que afixa a letra, completamente impenetrável, de um tema chamado “Rome”. “Analytic Paget saw an inn in a waste-gap city, Lana. A new order began, a more roman age bred Rowena.” Estão a ver o género? Uns novos Residents, poder-se-ia pensar? Nada mais longe da verdade do som dos Tarwater. “11/6 12/10” (duas datas? Que raio…) reduz a estilhas o “trip hop”, avançando por terrenos onde o próprio Tricky se sentiria pouco à vontade. O som é denso, sem perder a noção de espaço tridimensional, preocupado com a escultura dos silêncios. “Samples” obliquamente clássicos introduzem ritmos de avestruz sobre os quais as vozes vão descarrilando, de maneiras sempre surpreendentes, ora com o peso de um camião a descarregar cimento, ora etéreas como anjos à deriva em cânticos galácticos. É como se os Tarwater tivessem interceptado o “continuum” do espaço-tempo, sintonizando numa frequência do futuro, e provocando uma descontinuidade na lógica das coisas. Há um hiato que os Tarwater saltaram por cima. Cabe-nos a nós chegar lá e decifrar os signos. (8)
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