13/09/2008

Sétima Legião - O Fogo

POP ROCK

27 DEZEMBRO 1992
DISCOS PORTUGUESES DE 1992
DESILUSÃO

SÉTIMA LEGIÃO
O Fogo
Edição EMI-VC

Faz pena ver uma boa ideia reduzida a cinzas. Os Sétima Legião trouxeram para a música portuguesa, na altura em que editaram o primeiro álbum, “A Um Deus Desconhecido”, um conceito. Da mesma forma que os Heróis do Mar o fizeram e o fazem hoje grupos como Madredeus e Resistência. Conceito que tanto pode ser assumido de dentro, como uma intenção prévia, ou formar-se “a posteriori”, à semelhança das peças de um “puzzle” que encaixam de forma espontânea. Os Sétima incluem-se neste último caso. Melhor dizendo, incluíram-se.
Considerados de início um cruzamento inovador do eixo urbano-depressivo de Manchester, representado pelos Joy Division/New Order, com um Portugal de reminiscências celtas (não tivessem arranjado uma gaita-de-foles!), a banda encravou ao quarto disco no ponto morto. “O Fogo” não anda nem desanda. Quer ser “etno” mas não tem coragem do o admitir. Não é triste nem alegre, nem quente nem frio. É morno. Sem extremos nem dinâmica. É esse o mal maior, a ausência de força interior que a produção sofisticada não disfarça.
São retomadas as temáticas de outrora, os épicos, os assombros e a melancolia que então fazia sentido. Hoje, da forma que são ditas em “O Fogo”, deixam de fazer. São cascas vazias, invólucros sem conteúdo. Fogueira apagada. Muito pouco para quem muito prometeu. As ideias onde estão? As canções que ardem? A “glória de lutar”. “O Fogo” é um disco preguiçoso. Cinzas ao mar.

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