22/12/2008

Faust - You Know Us

Pop Rock

26 Fevereiro 1997

Faust
You Know Us
RER, IMPORT. ANANANA

“You Know Us”, “You Know Faust”, “You Know”. O “lettering” permite qualquer destas leituras. Joga-se no reconhecimento. Tudo na embalagem do novo álbum do mítico grupo alemão, da caixa e folheto transparentes à radiografia do punho fechado, como logotipo, remete para a iconografia do primeiro álbum da banda Faust, marco não só da música dos anos 70, como da música popular em geral.
Se o álbum do ano passado, “Rien”, primeiro da “ressurreição” oficial do grupo, agora reduzido ao trio Werner Diermaier, Joachim Irmler e Jean-Hervé Peron, expunha o lado mais cacofónico e “industrial”, resultante da produção de Jim O’ Rourke, o novo “You Know Us” abarca as múltiplas facetas que caracterizam a discografia da década de 70, “Faust”, “So Far”, “The Faust Tapes” e “Faust IV”. Facto a que não será alheia a mudança de editora, da Table of Elements para a Recommended, de Chris Cutler, que durante os anos de interregno sustentou nos seus catálogos a mística do grupo, através da distribuição daqueles quatro álbuns, bem como a edição das colectâneas de material inédito disperso, “Munic & Elsewhere” e “The Last LP”, posteriormente reunidos em “Seventy One Minutes of Faust”.
“You Know Us” não traz nada de novo. O que, tratando-se de um grupo que voltou do avesso a música popular deste século, é quase escandaloso. O reverso da medalha está em que os safados continuam a ser pais na arte da manipulação e da improbabilidade musical. As bandas do pós-rock devem-lhes tudo. E a verdade é que, 26 anos volvidos sobre a bomba que representou a sua estreia, em 1971, na Polydor, os Faust voltam a dar as cartas para o baralho dos mais novos.
Vocês conhecem-nos. Somos os Faust e fazemos as bandas sonoras dos vossos pesadelos mais bizarros. Temos canções pop com sulcos escavadas pelas garras de Freddy Krueger, temos sinfonias de metal, temos “trips” no escuro, temos a contagem das pausas entre os temas como se fossem temas, temos um tango. Temos orgulho de causar hoje tanto ou mais espalhafato do que aquele que provocámos quando chegámos para sobressaltar o progressivo.
São os Faust, de novo com o punho erguido, a saudar a década do caos. (8)

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