29/12/2008

The Orb - Orblivion

Pop Rock

12 Março 1997
poprock

THE ORB
Orblivion (7)
Island, distri. Polygram

Quando muitos já faziam o enterro da banda do “doutor” Alex Patterson, a grande cabeça misturadora dos The Orb, por má vontade ou pelo pouco sucesso, tanto comercial como artístico, que marcou os anteriores “Pomme Fritz” e “Orbus Terrarum”, eis que o grupo renasce das cinzas. O ambientalismo de geleira deu lugar ao golpe de facas afiadas, numa operação de montagem e confrontação sónica levada a cabo no estúdio em Berlim de Thomas Fehlmann, elemento preponderante na feitura de “Orblivion”. Existe uma componente subversiva que esmaga o apaziguamento de qualquer sessão de “chill out”. A ressaca mói. Porque as palavras sampladas de um julgamento anticomunista, de vozes étnicas ou de “Nu”, o filme de Mike Leigh, induzem a paranóia, tanto quanto os sons, resolvidos do avesso num infatigável fluxo/refluxo de obsessões rítmicas, na derrapagem de “breakbeats” subterrâneos. “Orblivion” não faz circular emoção. Mas é este processo de desmultiplicação de mensagens que unicamente passam pela máquina sob a forma de programas – estéticos e ideológicos ou onde a estética é a própria ideologia – que distingue a maior parte de grande parte da música electrónica que se tem vindo a produzir neste final de século. Separando-a, quer da perturbação causada pela música industrial, quer da levitação causada pelo rolamento de esferas sintéticas do universo criado pelos Kraftwerk e do consequente tecno. Tudo evolui ao nível do mental e da programação para simular um aquário de vida artificial. A cidade global e desculturizada desenhada em gráfico no monitor de “Orblivion” é a imagem do esquecimento e do vazio. Ficaremos sem dúvida mais altos e fortes e sãos. “Empire state humans” como anunciavam, já lá vão quase 20 anos, os Human League. Construído nesta dinâmica de alternância entre o macrocosmos de cidades virtuais e microcosmos de neurónios em sobrecarga, “Orblivion” revela-se impraticável nas pistas de dança, da mesma maneira que foge ao êxtase do transe. Não há pastilha que lhe valha. Quem quiser que entre na engrenagem.

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