PÚBLICO SÁBADO, 23 FEVEREIRO 1991 >> Cultura
Pop
Dell’Arte hoje em Alvalade
Arte
Pop e Maçonaria
RESSUSCITADOS
dos mortos, os Pop Dell’Arte, banda liderada por João Peste, tocam hoje à
noite, pelas 22h, no cinema Alvalade, em Lisboa, juntamente com os More
República Masónica, provando que continua a haver lugar (por enquanto) para os
sons alternativos, na cena musical lusitana.
Formada em 85, a banda de
Peste fez sempre questão de se mostrar diferente, na música e na atitude dos
seus membros. Onde para muitos a Pop se resolve na linearidade das canções e na
repetição de tiques repescados da “estranja”, para o vocalista dos PDA o risco
é assumido enquanto condição necessária para a própria sobrevivência da banda.
Por isso pararam, em 1989, dando João Peste início a uma série de atividades
paralelas: subversões várias e disco com os “Acidoxibordel” ou a apresentação,
com Nuno Rebelo, o ano passado na Feira do Livro, do espetáculo “Alix na Ilha
dos Sonhos”. Para trás ficavam os maxis “Querelle”, “Sonhos Pop” e “Illogik
Plastic” e o álbum “Free Pop” (este mês reeditado em CD), por alguns
considerado como dos melhores de sempre da música portuguesa, e espetáculos ao
vivo como aquele ao lado dos niilistas alemães Sprung Aus Den Wolken, no
extinto Rock Rendez-Vous.
Razão principal para a
dissolução (consensual) do grupo foi, segundo João Peste, a saturação musical
provocada pela ausência de perspetivas e motivações dentro de um meio nacional
demasiado “pequeno” e fechado. Agora a situação alterou-se, havendo, parece,
fortes possibilidades de os Pop Dell’Arte arrancarem para uma carreira no
estrangeiro. Daí o regresso, com uma formação constituída por João Peste (voz),
José Pedro Moura (baixo), Luís San Payo (bateria), Rafael Toral (discos, fitas
magnéticas, guitarra) e João Paulo Feliciano (guitarra), estes dois últimos
juntos no novel projeto “No Noise Reduction”.
Na primeira parte atuam os
More República Masónica, banda relativamente recente formada por Paulo Coelho
(voz, percussão), Mário Gil (guitarra, voz), Jorge Dias (baixo, voz) e Jaime
Pimentel (bateria). Apostados, segundo dizem, em “rapinar” onde for mais
interessante” para dar “corpo a uma sonoridade forte e ritmada, derivada
diretamente do rock ‘n’ roll, os MRM contam no ativo atuações “à margem” no
Sexto Concurso de Música Moderna do RRV e no concurso televisivo “Aqui D’el
Rock”, e a gravação de uma “demo tape” reunindo cinco temas dos quais “Azul
Dietrich” foi incluído na coletânea “Insurrectos” da editora da Guarda, Área
Total.
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