12/11/2025

Arte Pop e Maçonaria [Pop Dell'Arte]

 PÚBLICO SÁBADO, 23 FEVEREIRO 1991 >> Cultura

 

Pop Dell’Arte hoje em Alvalade

 

Arte Pop e Maçonaria

 

RESSUSCITADOS dos mortos, os Pop Dell’Arte, banda liderada por João Peste, tocam hoje à noite, pelas 22h, no cinema Alvalade, em Lisboa, juntamente com os More República Masónica, provando que continua a haver lugar (por enquanto) para os sons alternativos, na cena musical lusitana.

Formada em 85, a banda de Peste fez sempre questão de se mostrar diferente, na música e na atitude dos seus membros. Onde para muitos a Pop se resolve na linearidade das canções e na repetição de tiques repescados da “estranja”, para o vocalista dos PDA o risco é assumido enquanto condição necessária para a própria sobrevivência da banda. Por isso pararam, em 1989, dando João Peste início a uma série de atividades paralelas: subversões várias e disco com os “Acidoxibordel” ou a apresentação, com Nuno Rebelo, o ano passado na Feira do Livro, do espetáculo “Alix na Ilha dos Sonhos”. Para trás ficavam os maxis “Querelle”, “Sonhos Pop” e “Illogik Plastic” e o álbum “Free Pop” (este mês reeditado em CD), por alguns considerado como dos melhores de sempre da música portuguesa, e espetáculos ao vivo como aquele ao lado dos niilistas alemães Sprung Aus Den Wolken, no extinto Rock Rendez-Vous.

Razão principal para a dissolução (consensual) do grupo foi, segundo João Peste, a saturação musical provocada pela ausência de perspetivas e motivações dentro de um meio nacional demasiado “pequeno” e fechado. Agora a situação alterou-se, havendo, parece, fortes possibilidades de os Pop Dell’Arte arrancarem para uma carreira no estrangeiro. Daí o regresso, com uma formação constituída por João Peste (voz), José Pedro Moura (baixo), Luís San Payo (bateria), Rafael Toral (discos, fitas magnéticas, guitarra) e João Paulo Feliciano (guitarra), estes dois últimos juntos no novel projeto “No Noise Reduction”.

Na primeira parte atuam os More República Masónica, banda relativamente recente formada por Paulo Coelho (voz, percussão), Mário Gil (guitarra, voz), Jorge Dias (baixo, voz) e Jaime Pimentel (bateria). Apostados, segundo dizem, em “rapinar” onde for mais interessante” para dar “corpo a uma sonoridade forte e ritmada, derivada diretamente do rock ‘n’ roll, os MRM contam no ativo atuações “à margem” no Sexto Concurso de Música Moderna do RRV e no concurso televisivo “Aqui D’el Rock”, e a gravação de uma “demo tape” reunindo cinco temas dos quais “Azul Dietrich” foi incluído na coletânea “Insurrectos” da editora da Guarda, Área Total.

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