Pop Rock
30 MARÇO 1994
REEDIÇÕES
30 MARÇO 1994
REEDIÇÕES
Mary Coughlan
Love Me or Leave Me – The Best of Mary Coughlan
Warner Bros., import. Warner Music port.
Nem só dos U2, das “uillean pipes” e dos “tin whistles” se faz a música popular da Irlanda. Mary Coughlan há muito que deveria ter sido coroada rainha irmã de Dolores Keane, como melhor cantora da Irlanda. Mary move-se no universo dos clássicos. Pertence à estirpe das grandes intérpretes/actrizes das inspirações alheias, que moldam à sua própria personalidade até as tornar em algo de pessoal, como se elas, as canções, tivessem sido escritas de propósito para si. Como em Marianne Faithfull ou na actual K. D. Lang, parentes espirituais desta irlandesa pouco fotogénica mas dona de uma voz magistral, Mary Coughlan segue por percursos tortuosos, alternando momentos de aparente apaziguamento com dilacerações do corpo e da alma. As desilusões amorosas e o desencanto com a vida assumem, como é costume e natural nestes casos – da felicidade não reza, ou reza pouco, a História, como dizia o outro –, um papel fulcral no desempenho formal e emocional da cantora. São canções quase sempre nocturnas, húmidas de chuva ou de álcool que, neste desafio entre o amor e a recusa que o título do álbum nos atira à cara, se colam a nós com a urgência das coisas que precisam ser ditas. E é mesmo assim: ame-se ou então abandone-se Mary Coughlan e procure-se noutras paragens o conforto que ela não pode nem nos quer dar. “Love Me or Leave Me” reúne em 70 minutos de música imaculada canções dos seus quatro álbuns de originais gravados em estúdio, alinhados segundo uma lógica não cronológica que ao ouvinte competirá decifrar: “Tired and Emotional”, cinco temas, “Under the Influence”, quatro temas (ambos de 87), “Uncertain Pleasures” (a obra-prima de 90), seis temas, e “Sentimental Killer” (92), três temas, além de “I’d rather go blind”, que não figura em qualquer destes álbuns. Só não leva nota máxima por se tratar de uma colectânea. (9)
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