Pop Rock
25 de Maio de 1994
ÁLBUNS POPROCK
25 de Maio de 1994
ÁLBUNS POPROCK
Sally Oldfield
Three Rings
MSM Music, distri. BMG
Que têm em comum Enya, Loreena McKennitt, Mae McKenna, Maggie Reilly e Sally Oldfield? Resposta: a música de todas elas (a que poderíamos acrescentar os actuais Clannad e Capercaillie, grupos nos quais pontificam vocalistas femininas que se tornaram do mesmo quilate) é chata. Chata, enjoativa e, na pior das hipóteses, pretensiosa. Todas elas se embrulham nas farpelas coloridas da “new age” e o “céltico”. Todas elas não fazem ideia do que pode e deve ser cada uma destas referências. Sally Oldfield, portanto, pertence ao grupo das chatas. Em “Three Rings”, aflora como seria de esperar, a sua veia mística, apesar de, na capa, a mana de Mike Oldfield se deixar fotografar com a roupa interior bem à vista. Mas o misticismo não é também isto mesmo, a revelação do interior? Bem, logo no tema de abertura somos siderados pela poesia: “Do caos vem a força, o azul ofuscante e sem medo da vida e do amor, e a luz infinita do espírito que és tu.” O final é uma caixinha de música num instrumental sobre o mago Merlin. O resto é tudo menos uma caixinha de surpresas: previsível e amorfo, na tradição do pior “MOR” (“middle of the road”). Sintetizadores envernizados, harpas de plástico, vocalizações todas elas ternura e bichinhos de peluche. Sally Oldfiel aprendeu também, claro, a ser “étnica”. Daí haver um refrão numa língua qualquer mágica e um tema chamado “Survival” em que as percussões são praticamente iguais às de uma sequência célebre de “Ommadawn”, um dos (bons) álbuns do mano Mike. O mais espantoso é que a par de uma caramelada intitulada “Summer of love” há em “Three Rings” um outro Verão bem mais apetecível à mão de Sally Odfield, “Summer in my hand”, uma canção simples com o melhor que uma canção pode ter: uma bonita melodia. Sally Oldfield parece não ter compreendido que, no seu caso, mais do que isto é demais. (3)
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