19
de Maio 2000
Art
Duo of Chicago
Chicago Underground
Duo
Synesthesia
(8/10)
Thrill
Jockey, distri. Ananana
Chicago
é sinónimo de free-jazz e de pós-rock. Rob Mazurek, trompetista de filiação
jazzística nas hostes dos AACM (Association for the Advancement of Creative
Musicians), está no centro destes dois movimentos. Se a sua costela “free”
encontra livre expressão na Chicago Underground Orchestra (com a qual gravou
para a editora de jazz Delmark o álbum “Playground”), já a tendência pós-rock é
cultivada com Jeff Parker no coletivo Isotope 217º, que recentemente lançou
“Utonian-Automatic”, confirmando-se nas colaborações com os Tortoise, Mouse on
Mars, Gastr del Sol e Stereolab. É nos Chicago Underground Duo, ao lado do
percussionista Chad Taylor, que estas duas vertentes se encontram, mais ainda
neste novo álbum que no anterior da dupla, “12º of Freedom”, numa interpretação
justamente definida pelo título – “Sinestesia”, do dicionário, “a experiência
sensorial na qual sensações correspondentes a um certo sentido são associadas
às de outo sentido”. O jazz disciplina-se na aritmética rigorosa e na
eletrónica geralmente associada ao pós-rock. Este liberta-se através da
improvisação das suas grilhetas rítmicas. A experiência sinestésica funciona
cedo, com a programação dos sintetizadores, no tema de abertura, a induzir os
sentidos a fazer a associação com a eletrónica planante de “Phaedra” dos
Tangerine Dream. A partir deste “trompe l’oiel” auditivo, porém, as coordenadas
da eletrónica, do pós-rock e do free-jazz diluem-se numa música sem fronteiras
nem classificação (a única comparação será com os Supersilent) onde solos de
jazz (principalmente de Mazurek, no trompete, nos quais se podem descortinar
alusões a Miles Davis e a Don Cherry) alternam com sequências de eletrónica
abstrata (além das conotações com Sun Ra, o último tema, “Tram Transfer Nine”
podia ter a assinatura de Conrad Schnitzler…) e zonas ambientais criadas pelo
vibrafone. Com John McEntire na qualidade de engenheiro de som, “Synesthesia”
conta ainda com a colaboração de Sam Prekop, dos The Sea and the Cake, no
sintetizador Moog, no tema “Fluxus”, uma homenagem ao grupo com este nome que
nos anos 60 foi pioneiro da improvisação livre.
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