15/10/2014

Chicago Underground Duo - Synesthesia



19 de Maio 2000

Art Duo of Chicago

Chicago Underground Duo
Synesthesia (8/10)
Thrill Jockey, distri. Ananana

            Chicago é sinónimo de free-jazz e de pós-rock. Rob Mazurek, trompetista de filiação jazzística nas hostes dos AACM (Association for the Advancement of Creative Musicians), está no centro destes dois movimentos. Se a sua costela “free” encontra livre expressão na Chicago Underground Orchestra (com a qual gravou para a editora de jazz Delmark o álbum “Playground”), já a tendência pós-rock é cultivada com Jeff Parker no coletivo Isotope 217º, que recentemente lançou “Utonian-Automatic”, confirmando-se nas colaborações com os Tortoise, Mouse on Mars, Gastr del Sol e Stereolab. É nos Chicago Underground Duo, ao lado do percussionista Chad Taylor, que estas duas vertentes se encontram, mais ainda neste novo álbum que no anterior da dupla, “12º of Freedom”, numa interpretação justamente definida pelo título – “Sinestesia”, do dicionário, “a experiência sensorial na qual sensações correspondentes a um certo sentido são associadas às de outo sentido”. O jazz disciplina-se na aritmética rigorosa e na eletrónica geralmente associada ao pós-rock. Este liberta-se através da improvisação das suas grilhetas rítmicas. A experiência sinestésica funciona cedo, com a programação dos sintetizadores, no tema de abertura, a induzir os sentidos a fazer a associação com a eletrónica planante de “Phaedra” dos Tangerine Dream. A partir deste “trompe l’oiel” auditivo, porém, as coordenadas da eletrónica, do pós-rock e do free-jazz diluem-se numa música sem fronteiras nem classificação (a única comparação será com os Supersilent) onde solos de jazz (principalmente de Mazurek, no trompete, nos quais se podem descortinar alusões a Miles Davis e a Don Cherry) alternam com sequências de eletrónica abstrata (além das conotações com Sun Ra, o último tema, “Tram Transfer Nine” podia ter a assinatura de Conrad Schnitzler…) e zonas ambientais criadas pelo vibrafone. Com John McEntire na qualidade de engenheiro de som, “Synesthesia” conta ainda com a colaboração de Sam Prekop, dos The Sea and the Cake, no sintetizador Moog, no tema “Fluxus”, uma homenagem ao grupo com este nome que nos anos 60 foi pioneiro da improvisação livre.

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