Y
20|ABRIL|2001
escolhas|discos
PAOLO CONTE
Razmataz
Eastwest, distri. Warner Music
7|10
Pela
primeira vez num carreira de décadas, o crooner genial que é Paolo Conte
entregou parte das vocalizações a cantores convidados, sem que para esta opção
se vislumbrem quaisquer mais valias. Sinal ou não de cansaço – o italiano já
vai avançado na casa dos sessentas – a verdade é que “Razmataz” deixa o travo
de alguma desilusão, sobretudo quando comparado a álbuns, não tão distantes no
tempo como isso, como “900” ou os dois volumes ao vivo de “Tournée”. Inspirado
em África, “Razmataz” reúne o habitual cocktail de valsa musette, cançoneta
italiana e jazz, aqui polvilhados de citações africanas, como sempre tendo como
pano de fundo o grave vocal único de Conte e um equilíbrio instável que ora
roça a iluminação ora se afunda nos charcos de ressacas de caixão à cova, mesmo
se a receita aparenta, desta feita, preocupações formalistas, na suite
instrumental “Mozambique fantasy”. Pulverizadas, de resto, por instantes como
“The yellow dog” (pode alguém à beira do coma alcoólico desvendar a verdadeira
essência do jazz?) e “Pasta ‘diva’”, comercial de um minuto em forma de
ópera-pizza.
Sem comentários:
Enviar um comentário