29
de Aetembro 2000
Brincamos!
Schlammpeitziger
Augenwischwaldmoppgeflöte
(7/10)
a-Musik,
distri. Ananana
Fumble
Fumble
(6/10)
Karaoke
Kalk, distri. Ananana
“Jo
Zimmerman é um músico bem disposto e disposto a pôr-nos bem dispostos”, afirma,
bem disposta, a distribuidora. Jo Zimmerman, aliás Schlammpeitziger, depois do
singelamente intitulado “Spacerockmountainrutschquartier”, tornou-se em
definitivo o rei da Clusterlândia. Voltando a apostar num título curto e
incisivo, como “Augenwischwaldmoppgeflöte”,
Jo prova uma vez mais o seu gigantesco talent para a construção de máquinas de
Flipper do fabricante “Moebius & Roedelius” que, uma vez ligadas, são
impossíveis de desligar. Nunca a eletrónica provocou tamanho ronronar, poucas
vezes deu tanta vontade de saltar para o carrocel, raramente os sintetizadores
se enfeitaram com as cores do Carnaval como neste “Augenwischwaldmoppgeflöte”. Tudo neste álbum
afasta a depressão e os céus mais carregados de projetos – apesar de tudo não
tão distantes como isso dos Schlammpeitziger – como FX Randomiz, Schnitstelle
ou Schneider TM. Não é música boa para fazer ginástica mas serve na perfeição
para fazer massagens. Mas apetece perguntar ao senhor Zimmerman até que ponto
as suas citações aos mestres se aproximam, nalguns casos, da cópia.
“Restwasserstveitgebettel” e “Beingodick” são postais “DeLuxe” dos Harmonia, o
que significa que Jo se afastou aqui um bocadinho dos Cluster. Só um bocadinho,
se ouvirmos “Klapperhofohrkester” e compararmos com “Sowiesoso”. Na maior parte
do tempo, porém, é “Zuckerzeit” a funcionar. Os Kraftwerk, como não podia
deixar de ser, aparecem citados de “Ralf and Florian” em “Winmweltbestaubung”
(estes títulos, não garanto que estejam bem escritos, e também já me irritam um
bocadinho). A brincar, a brincar, com os Mouse on Mars, Kreidler, B
Fleischmann, Isan, Pluxus ou Nova Huta, os Schlammpeitziger encontraram
a estrada dos tijolos amarelos (ou, já agora, o submarino amarelo) da
eletrónica para o grande “smile”. Mas, já agora, não podiam brincar a outra
coisa sem ser aos Cluster?
Comparados
com isto, os Fumble, alter-ego de Jens Massel, são um tratado de
estruturalismo. Coisa para franzir o sobrolho. Envolvido em outros projetos
como Senking, Kandis e Genf, Massel prova com “Fumble” as suas aptidões de
designer que sabe cozinhar o “dub” e a eletrónica fria dos Oval (digamos Mouse
on Mars congelados) como ementa de salão de baile para disléxicos, ou de
programador competente de ruídos digitais a fingir de tribais, muito Mille
Plateaux, mas os compartimentos onde o seu cérebro habita visitam-se durante
alguns minutos, aprecia-se o rigor o volume e da cor, para se chegar à
conclusão de que lá fora se está melhor. Provavelmente a ouvir “Augenetcvejamláseparaapróximaencurtamestamerda”.
É Schlammpeitziger, ninguém leva a mal.
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