18/11/2008

Paul Weller - Stanley Road

Pop Rock

7 de Junho de 1995
álbuns poprock

Paul Weller
Stanley Road
GO! DISCS, DISTRI. POLYGRAM

Paul Weller – os mais novos não se devem lembrar – integrou a vaga “punk” da segunda metade dos anos 70, num grupo chamado The Jam. Os Jam, porém, nunca foram muito adeptos da “anarquia no Reino Unido” que animava os seus colegas. Ao invés disso, não se envergonhavam de reconhecer que tinham como seus heróis velhotes como os Small Faces, The Who e Neil Young. O tempo passou, Paul Weller cresceu, passou pelos Style Council e finalmente a porta abriu-se-lhe para uma carreira a solo que no ano passado explodiu no número de discos vendidos, com “Wild Wood”. De artista “new wave” moderadamente enraivecido e contra o sistema, Weller acabou por encarnar por fim a figura do “guitar hero” e do artista clássico, que não pretende mais que circunscrever-se à segurança dos “rhythm ‘n’ blues”, da “soul” e das lições, muito bem estudadas, da História. A consagração obteve-a já este ano, ao ser-lhe atribuído o prémio de “melhor artista inglês masculino” pelo “The Brits Award”. “Stanley Road”, muito aclamado por certa crítica inglesa, é um bom disco de rock. Um bom disco de rock é aquele que tem energia, emoção e boas canções. Claro que há discos de rock que têm bastante mais que isto, mas não é o caso. Paul Weller interpreta com convicção temas onde procura demonstrar o seu desespero amoroso, umas vezes destilando adrenalina, outras baixando de tom ao estilo de balada FM de puxar ao sentimento, como “You do something to me” (bem bonita e um hipotético êxito para este Verão) e “Time passes…”.
As citações aos mestres são óbvias, desde o tema inicial e “Broken stones”, por onde passam a “soul” negra de Otis Reading, até “Woodcutters son”, por onde passa a “soul” branca dos Traffic (Steve Winwood, por acaso, é um dos artistas convidados do disco…), embora a fixação mais óbvia seja em Neil Young, em “Whirlpool’ end”. Há efeitos engraçados de sintetizadores analógicos espalhados pelo disco, um piano “honky-tonk” em “Pink on white walls”, a versão de uma canção de Dr. John, “I walk on glided splinters”, um recuo espectacular aos arranjos de “rhythm ‘n’ blues” dos 60, em “Stanley road”, e a despedida “gospel” com a voz de Carleen Anderson, em “Wings of speed”. Falta o génio para transformar o que é feito com competência e sinceridade em algo menos previsível e mais inovador.
“Stanley Road” é um valor seguro mas, neste caso infelizmente, sem valor acrescentado. (6)

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