12/06/2009

Amália Rodrigues - Segredo

Sons

28 de Novembro 1997
DISCOS – PORTUGUESES

Amália Rodrigues
Segredo (9)
Ed. e distri. EMI – VC

“Segredo” é uma colecção de 12 temas inéditos ou “versões nunca publicadas” que Amália gravou no seu período áureo, entre 1965 e 1975, nos estúdios de Paço de Arcos da Valentim de Carvalho. Sessões que encontraram a fadista no seu melhor, perfeitamente descontraída e envolta numa atmosfera de cumplicidade com os amigos que nessas ocasiões a acompanhavam, enfrentando os microfones após conversas e refeições em comum. Versões menores é coisa que não existe em Amália, sabendo-se que para ela era sempre a primeira vez, nunca cantando o mesmo fado da mesma maneira. “Talvez eu não seja criadora, mas quando canto estou a inventar”, dizia ela então. Encare-se, pois, este disco como vem descrito no detalhado texto de apresentação, uma “antologia transversal” da fadista. Entre os 12 temas encontram-se sete fados de Alain Oulman, incluindo os inéditos “Medo”, “Amor em casa”, “Verde pino, verde mastro”, “É da torre mais alta” e “Procura”, e “As mãos que trago” e “Abril”, antes não publicados. Importantes são ainda “Primavera”, com poema de David Mourão-Ferreira, “Não é desgraça ser pobre”, um fado menor que Amália definia como sendo “o pai e a mãe do fado (...) destino mau, destino das pessoas quando é triste” e “Cansaço”, na versão de Luís de Macedo e Joaquim Campos. Os restantes dois temas de “Segredo” são “Longe daqui”, de Arlindo de Carvalho, balada inspirada no folclore da Beira Baixa, e “Minha boca não se atreve”, de Fontes Rocha. Em todos eles, em maior ou menor grau, está presente a alma do fado, que é como quem diz, a alma de Amália. Escutá-la é escutar a voz de um rio de múltiplos cursos, mas todos eles desaguando em Portugal. O Portugal do “medo”, do “longe” e do “amor” que se destacam nas páginas interiores deste “Segredo”.

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