PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 12 JUNHO 1991 >> Pop Rock >> LP’s
GWENDAL
Glen River
LP,
MC e CD, Mélodie, distri. Mundo da Canção

Os
Gwendal são atualmente Youenn Le Berre e Robert Le Gall, bretões de espírito
aberto, sem vergonha nem pruridos puristas de qualquer espécie. Para eles a
música tradicional, neste caso da Bretanha, é o ponto de partida para viagens
sem roteiro fixo nem regresso assegurado. Estiveram recentemente no Porto, no II
Festival Intercéltico, e desiludiram quem estava à espera de reencontrar a
síntese jazz-folk dos tempos áureos de “À vos désirs”. Agora a música é outra,
mais dispersa, eletrónica e descomplexada. As flautas, gaita-de-foles, bombarda
e violino tradicionais juntam-se ao saxofone, ao baixo e às programações
computorizadas, em delírios de síntese que de modo algum seguem à risca os
preceitos do “velho” compêndio celta. O “celtic reggae” de “Glas nox”, o
africanismo pop de “Uilean mandinga”, o sinfonismo oldfieldiano de “La
tarentule” ou a “electronic body folk” de “Celtic bridge” são algumas das
direções que os Gwendal apontam, com maior ou menor convicção. Há faixas
dispensáveis, de evidente mau gosto rockeiro, outras integradas no mais puro
espírito tradicional (“Jigger jig”, “Noces de granit”, “Sterem” ou esses
“Champs bothorel” cintilantes de cristal). A capa explica o conteúdo: um
edifício futurista perdido entre as brumas de uma floresta. ***
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