10/12/2025

Rosa Zaragoza - Les Nenes Bones Van Al Cel; Les Dolentes, A Tot Arreu

 

PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 12 JUNHO 1991 >> Pop Rock >> LP’s

 

ROSA ZARAGOZA
Les Nenes Bones Van al Cel; les Dolentes, a Tot Arreu
CD, Saga, distri. Mundo da Canção
 
Uma imagem com texto, parede, quadro, vários

Descrição gerada automaticamente

     As raparigas boas vão para o céu, as más (Rosa Luxemburgo, Violeta Parra, Safo de Lesbos, Angela Davies, Camille Claudel ou Janis Joplin, entre outras mencionadas na capa) não se percebe bem, mas deve ser para o inferno. Se bem que isto de raparigas “boas” ou “más” seja muito relativo, dependendo da maneira como se olha. Cicciolina, por exemplo, é “boa” ou “má”?

Rosa Zaragoza é boa, nos dois aspetos. No segundo, contudo, já foi melhor, em álbuns anteriores – como “Cançons de Noces del Jueus Catalans / Canciones Judeo-Españolas” e “Cançons de Bressol del Mediterrani” –, nos quais canta a música que lhe é mais querida, dos judeus sefarditas do Sul de Espanha. Em “Los Nenes...”, pelo contrário, Rosa opta pela “canção de protesto”, colocando a sua voz magnífica (terna e intimista ou angustiante e próxima do grito, tal qual uma Diamanda Galas da folk) ao serviço de minorias étnicas como a cigana e a índia, ao mesmo tempo que vai defendendo a causa feminina.

“L’esperança de la meua vida”, melopeia árabe encantatória, “Niggum”, um tema tradicional hassideano (hassideanos – presumíveis antepassados dos fariseus), “Aixi s’acaba la vida”, pungente, letra escrita em 1954 por um índio americano em carta dirigida ao Presidente dos EUA, “Una abraçada d’amor”, maravilhosamente judia, ou o esoterismo basco de “Baga biga higa” justificam por si sós a audição atenta e a descoberta de uma voz ímpar da atual música popular.

Para os amantes da tradição musical sefardita, uma referência final para a coletânea “Todas las voces de sefarad”, que inclui os seus melhores intérpretes, como La Bazanca, Raices, Simane, Joaquin Diaz, a própria Rosa Zaragoza, para além de gravações recolhidas em direto da comunidade israelita de Madrid. Bons ventos, soprando do Mediterrâneo. ****

 

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