PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 12 JUNHO 1991 >> Pop Rock >> LP’s
Les Nenes Bones Van al Cel; les Dolentes, a Tot Arreu
CD, Saga, distri. Mundo da Canção
Rosa
Zaragoza é boa, nos dois aspetos. No segundo, contudo, já foi melhor, em álbuns
anteriores – como “Cançons de Noces del Jueus Catalans / Canciones Judeo-Españolas”
e “Cançons de Bressol del Mediterrani” –, nos quais canta a música que lhe é
mais querida, dos judeus sefarditas do Sul de Espanha. Em “Los Nenes...”, pelo
contrário, Rosa opta pela “canção de protesto”, colocando a sua voz magnífica
(terna e intimista ou angustiante e próxima do grito, tal qual uma Diamanda
Galas da folk) ao serviço de minorias étnicas como a cigana e a índia, ao mesmo
tempo que vai defendendo a causa feminina.
“L’esperança
de la meua vida”, melopeia árabe encantatória, “Niggum”, um tema tradicional
hassideano (hassideanos – presumíveis antepassados dos fariseus), “Aixi s’acaba
la vida”, pungente, letra escrita em 1954 por um índio americano em carta
dirigida ao Presidente dos EUA, “Una abraçada d’amor”, maravilhosamente judia,
ou o esoterismo basco de “Baga biga higa” justificam por si sós a audição
atenta e a descoberta de uma voz ímpar da atual música popular.
Para
os amantes da tradição musical sefardita, uma referência final para a coletânea
“Todas las voces de sefarad”, que inclui os seus melhores intérpretes, como La
Bazanca, Raices, Simane, Joaquin Diaz, a própria Rosa Zaragoza, para além de
gravações recolhidas em direto da comunidade israelita de Madrid. Bons ventos,
soprando do Mediterrâneo. ****
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