Sons
11 Outubro
2002
Ao
Vivo
Ed. e distri. Zona Música
7|10
Gravado ao vivo a 24
e 27 de Novembro de 2000 no Teatro Maria Matos, em Lisboa, “Ao Vivo” é um
daqueles acontecimentos irrepetíveis que procurou capitalizar a música de três
vozes e personalidades ímpares da música popular portuguesa, juntas em busca da
magia do momento. Anamar, Né e Pilar são, cada uma à sua maneira,
“marginalizadas do sistema”. As suas vozes, os seus interesses e a sua postura
dentro da indústria, tendem naturalmente se não a afastá-las, pelo menos a
provocar reservas e eventuais desentendimentos. Sob a égide de Tiago Torres da
Silva, arquiteto do projeto e autor da totalidade das letras, “Ao Vivo” tem o
ar de coisa suspensa daquele fio frágil em que a delicadeza é tanta que corre o
risco de, ao contacto com a menor rugosidade, se romper. São três vozes
diferentes, mas almas gémeas, que aqui se dão e dão as mãos. Anamar é o fado do
indizível, a força indomesticada, a cigana das vielas interiores; Pilar, as
suaves fragrâncias do jazz, mas também a inquietação; Né a irrupção das
tradições étnicas, venham elas do solo lusíada ou do Brasil. Apesar de irmãs, o
que cada uma delas teve para dizer nessas duas noites, disse-o melhor sozinha.
Disse-o mais alto e mais fundo, Né Ladeiras, na “Canção da Sibila”, do séc.
XVI.
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