Sons
22 Novembro 2002
FENNESZ
Field
Recordings, 1995-2002
Touch, distri. Matéria Prima
8|10
Apesar do título e do trator na capa, não se
pode dizer que Christian Fennesz se tenha convertido exatamente num seguidor de
Michel Giacometti. Na sequência de um “Endless Summer”, ocasionalmente
irritante no lado mais “chill out” do seu espectro, os “field recordings” em
questão reportam-se a material disperso anteriormente por 12 polegadas,
coletâneas, remisturas, aos quais o austríaco, ex-Orchester 33 1/3, acrescentou
um tema inédito, “Good man”. Próximo do “noise industrial”, nas quatro
variações de “Instrument”, clusteriano, ou melhor, klusteriano, nas oscilações
fabris e no monstruoso “loop” trancado de “Surf” (também se poderia dizer: Lee
Ranaldo cruza-se com a “Metalo Machine Music” de Lou Reed…), Fennesz
distingue-se do cinzentismo que caracteriza grande parte da eletrónica “não
erudita” atual, ao interpretar (como Eno, embora num contexto diferente) a
manipulação do som enquanto escultura, de molde a acrescentar uma dimensão
dramática a cada um destes quadros abstratos. O mais pop que aqui se pode
encontrar é “Codeine”, e mesmo assim raspa como uma lixa.
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