Pop
Rock
21
de Maio de 1997
eletrónica
Lightwave
Mundus Subterraneus
FATHOM, DISTRI. STRAUSS
Depois de terem
voado pelo espaço sideral no álbum anterior, baseado na obra e na figura do
astrónomo Tycho Brahe, o duo franco-austríaco de música eletrónica Lightwave
concentra as suas atenções nas forças telúricas que agitam as entranhas da
Terra, desta feita tomando como ponto de partida a obra do monge jesuíta austríaco
Athanasius Kircher (1602-1680), ocultista, arqueólogo e estudioso das
filosofias da Antiguidade. Kircher passou grande parte da sua vida encerrado
nas bibliotecas de Itália, a colecionar pedras e a decifrar pergaminhos, na
procura das leis que regem a Natureza e a harmonia universal.
“Mundus
Subterraneus” é o título de uma das suas obras, inspirada na visão de erupções
dos vulcões Aetna e Stromboli, cheia de especulações bizarras sobre geofísica,
terramotos e vulcões. Descida às profundezas do planeta traduzida sonoramente
pelos Lightwave numa descida às profundezas do som, queda abismal que contrasta
com o registo etéreo de “Tycho Brahe”, “Mundus Subterraneus”, melhor álbum dos
Lightwave até à data, mistura, de forma subtil, a eletrónica computacional com
elementos de música concreta (“Towards the abyss”, “Glissements d’âme”), numa
aproximação à estética do Groupe de Recherches Musicales (GRM), de Paris, ao
qual estão ligados nomes importantes como François Bayle, Bernard Parmegiani,
Jean Shwarz, Daniel Teruggi, Michel Redolfi ou Michel Zbar. “Mundus Subterraneus”,
pela relação direta que estabelece entre a construção musical – uma “sombient”
imaginativa e bastante mais agitada do que mandam as regras – e os elementos
naturais e cosmológicos, pode comparar-se ainda, além de Redolfi e Teruggi, a
obras percursoras, como “Seastones”, de Ned Lagin, e “Erosión”, de Ildefonso
Aguilar, ou ainda a alguns dos trabalhos de Jeff Greinke. (9)
Sem comentários:
Enviar um comentário