22/09/2016

Lightwave - Mundus Subterraneus

Pop Rock

21 de Maio de 1997
eletrónica

Lightwave
Mundus Subterraneus
FATHOM, DISTRI. STRAUSS

Depois de terem voado pelo espaço sideral no álbum anterior, baseado na obra e na figura do astrónomo Tycho Brahe, o duo franco-austríaco de música eletrónica Lightwave concentra as suas atenções nas forças telúricas que agitam as entranhas da Terra, desta feita tomando como ponto de partida a obra do monge jesuíta austríaco Athanasius Kircher (1602-1680), ocultista, arqueólogo e estudioso das filosofias da Antiguidade. Kircher passou grande parte da sua vida encerrado nas bibliotecas de Itália, a colecionar pedras e a decifrar pergaminhos, na procura das leis que regem a Natureza e a harmonia universal.
“Mundus Subterraneus” é o título de uma das suas obras, inspirada na visão de erupções dos vulcões Aetna e Stromboli, cheia de especulações bizarras sobre geofísica, terramotos e vulcões. Descida às profundezas do planeta traduzida sonoramente pelos Lightwave numa descida às profundezas do som, queda abismal que contrasta com o registo etéreo de “Tycho Brahe”, “Mundus Subterraneus”, melhor álbum dos Lightwave até à data, mistura, de forma subtil, a eletrónica computacional com elementos de música concreta (“Towards the abyss”, “Glissements d’âme”), numa aproximação à estética do Groupe de Recherches Musicales (GRM), de Paris, ao qual estão ligados nomes importantes como François Bayle, Bernard Parmegiani, Jean Shwarz, Daniel Teruggi, Michel Redolfi ou Michel Zbar. “Mundus Subterraneus”, pela relação direta que estabelece entre a construção musical – uma “sombient” imaginativa e bastante mais agitada do que mandam as regras – e os elementos naturais e cosmológicos, pode comparar-se ainda, além de Redolfi e Teruggi, a obras percursoras, como “Seastones”, de Ned Lagin, e “Erosión”, de Ildefonso Aguilar, ou ainda a alguns dos trabalhos de Jeff Greinke. (9)


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