Sons
11 Outubro
2002
Thrak
EMI-Toshiba, distri. EMI-VC
8|10
Apesar do título,
“Thrak” não cheira mal. Cheirará talvez a enxofre, o que é normal, sabendo-se
das relações que o líder dos King Crimson, Robert Fripp, mantém com o “rei
carmesim”. Editado em 95, com uma formação composta por Fripp, Adrian Belew,
Tony Levin, Trey Gunn, Bill Bruford e Pat Mastelotto, é, com os “ao vivo”
“Earthbound” e “U.S.A.”, a mais recente adição ao pacote de remasterizações em
24-bits e capas de cartão do grupo. Não há maneira de apagar este incêndio
ateado por fluxos de energia onde o rock, a improvisação e a pauta se
interligam na lição de um mestre. “Thrak” transporta o legado do rock
progressivo para o caos da atualidade sem que a essência do grupo se tivesse
perdido, tendo Fripp o cuidado de pôr novamente a funcionar o “mellotron” que
ajudou a fazer de álbuns como “In the Court of the Crimson King”, “In the Wake
of Poseidon” e “Lizard” das catedrais mais belas do progressivo. O barroquismo
das ambiências, a incandescência da guitarra não ofuscam a transparência de
canções como “Dinosaur”, “Walking on air” e “One time” (será que os
Radiohead?…). Beleza e violência. Tão inseparáveis como no título-tema,
instante de revelação em que o “satori” fere com a brutalidade de uma violação.
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