Pop
Rock
21
de Maio de 1997
eletrónica
Poço sem fundo
STEVE ROACH & VIDNA
OBMANA
Well of Souls (8)
2xCD Projekt, distri. Ananana
Steve Roach é, atualmente, um
dos músicos mais activos da cena de música eletrónica que, a partir dos finais
dos anos 70, tem vindo a desenvolver-se na Califórnia. Das primeiras obras,
marcadamente planantes, que gravou na Hearts of Space, evoluiu para o chamado
“tribal ambient”, em álbuns como “World’s Edge” ou “Dreamtime Return”, a par
dos trabalhos dos Suspended Memories, com o mexicano Jorge Reyes e o espanhol
Suso Saiz. Com “The Magnificent Void”, editado em 1995, já no selo Fathom,
subdivisão da Hearts of Space especializada em música eletrónica fora dos
parâmetros vulgares da “new age”, inaugurou um novo género, designado
“sombient”, ou “ambient noir”, caracterizado por “drones” eletrónicas e efeitos
sombrios prolongados indefinidamente.
“Well
of Souls”, em colaboração com o belga de pseudónimo Vidna Obmana, autor de um
álbum, “The Spiritual Bonding”, com óbvias ligações à música de Roach,
divide-se em dois discos, respetivamente dedicados ao dia e à noite. O primeiro
insere-se na mesma estética tribalista dos álbuns citados, nas suas longas
evocações aos deuses e forças da natureza que culminam nos 24m08s de “The
gathering”. As batidas tribais desaparecem no segundo disco, um fresco
iridescente de “sombient” que mergulha nas caves do inconsciente em duas
extensas peças de pura suspensão sonora. “Deep hours” (29m24s) e “Well of
souls” (25m48s). Sintetizadores em contínuo “decay”, refrações fantasmagóricas,
pingos de estrelas quebram a ondulação sumptuosa das coisas noturnas, numa
viagem astral pela noite que aterra ao lado de clássicos de “sombient” como
“Velvet voyage”, de Klaus Schulze, do álbum “Mirage”, percursor do género, e
“Flight”, que ocupa todo o segundo disco do duplo “Syn”, obra maior de Pete
Namlook. “Well of Souls” tem um tempo e uma dimensão próprios. Como tal,
recomenda-se a reserva, antecipada, de uma semana só para a audição.
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