15/10/2008

Vários - Vidya

Pop Rock

13 MARÇO 1991

VÁRIOSVidya
LP, Potlatch

Projecto de Vítor Rua, dos Telectu, gravado entre os meses de Janeiro de 1990 e 1991, no estúdio caseiro de Nuno Rebelo, e que inclui praticamente todos os músicos de algum modo conotados com aquilo a que poderíamos chamar “cena ‘underground’ lusitana”. 19 temas, sem título, organizam-se numa montagem em que sucessivamente vão intervindo os diversos participantes: Vítor Rua, Jorge Lima Barreto, Elliott Sharp (num excerto gravado ao vivo na sua recente actuação ao lado dos Telectu), Carlos Zíngaro, Saheb Sarbib, Miguel Azguime, D.W.Art, Sei Miguel, João Peste, Nuno Rebelo, Luís Desirat, Rodrigo Amado, Rafael Toral, dois Osso Exótico, Tó Zé Ferreira, Rui Azul, Miguel Megre, Fala Miriam, Bruno Rascão, João Paulo Feliciano, Paulo Eno e o duo Duplex Longa. Música experimental, ambiental, industrial, numa colagem de géneros e estilos que tem pelo menos a virtude de lutar, em termos estéticos, contra a normalização vigente. Há momentos excelentes, outros nem tanto. Dos primeiros, realce para: a “raga” electrónico-industrial dos Telectu, no tema nº5; os ambientes muito jon-hasselianos do tema seguinte, como suporte para as divagações violinísticas de Carlos Zíngaro; o solo percussivo de Miguel Azguime, no tema nº8; os zumbidos eléctricos de Paulo Eno, controlados por Rua num encosto aos Nurse With Wound no tema nº9; a dança das vocalizações fantasmagóricas de João Peste com o computador de Rua, no nº11; os ambientalismos obscuros e estruturais de Rua, Tó Zé Ferreira e Nuno Rebelo, nos temas nº14 e 15; o breve caos controlado que alia os King Crimson de “Red” à vertigem Naked City do tema nº17, pelos Duplex Longa; a apropriação das Frippertronics por Vítor Rua, que encerra o disco. Para o fim, o momento mais brilhante, aquele que abre o segundo lado – cruzamento dos Residents com fragmentos melódicos de “Strangers in the Night”, tocados por um Rua que soube aprender os ensinamentos do malogrado Snakefinger, valorizado pelas notáveis prestações de Rui Azul, na electrónica e no solo de sax tenor. A vanguarda começa a organizar-se em Portugal. ****

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