10 JULHO 1991
BILL PRITCHARD
Jolie
LP/CD, Play It Again Sam, distri. Contraverso
Na capa, o rapaz está mesmo “joli”. Vestido de negro, sobre alvo areal, em tarde soalheira, toda azul celeste de filtro a condizer. A música, não é menos “jolie”. E as canções, contando histórias da vida do rapaz, das namoradas do rapaz, dos Verões passados no paraíso (sempre perdido) pelo rapaz, até das tias do rapaz. No fundo, o imaginário e a iconografia pop de sempre, só que, no caso de Bill Pritchard, transformados em objecto de luxo. Desde as fotografias interiores, de Anton Corbijn, aos arranjos requintados, sem esquecer as entoações acetinadas da voz, como se Bill quisesse fazer o álbum mais elegante do mundo, tudo contribui para o resultado final de “produto acabado”, bem embalado e apoiado numa dose bem servida de inspiração.
Se, por vezes, os acentos vocais de Bill Pritchard se parecem em demasia com os de Lou Reed (“Pretty Emily” ou esse “Tears of Maxine” que não destoaria em qualquer álbum do ex-Velvet Underground), ou, noutras ocasiões, com a sinuosidade swingante de um Morrisey luminoso (o refrão de “In the Summer” ou a totalidade de “Violet Lee”), nem por isso “Jolie” deixa de cintilar como uma jóia entre o esterco das músicas “de top” circundantes. Um pouco mais de azul (sem filtros) e seria o céu… ****
2 comentários:
Bas
Bas
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