Pop Rock
19 JUNHO 1991
19 JUNHO 1991
THE FALL
Shift-Work
LP/CD, Cog Sinister/Fontana, distri. Polygram
A sinceridade e a honestidade são duas grandes virtudes. Geralmente arredadas do mundo da música, onde quase sempre os fins justificam os meios. Dito de outra maneira: todos os golpes são lícitos quando calha a facturar. Mark E. Smith e os Fall têm todas as condições para se imporem no mercado, fora do circuito restrito independente. Simplesmente não querem, se isso os obrigar a afastarem-se, um milímetro que seja, da linha de orientação que desde há muito para si próprios traçaram. Assim, recusam o acessório, o adorno inútil, para se reterem no essencial que, no seu caso, passa pela denúncia de tudo o que consideram errado. A arma preferencial tem sido e continua a ser o rock, duro, sem concessões, suporte musculado e infatigável do discurso acusador de Mark E. Smith. Não há pausas para descansar (exceptuando talvez a balada sentimental “Edinburgh man”. Muito menos canções para distrair. Quando muito o espaço apertado para a dança em “The mixer”, aberto pelo sequenciador de baixo e a caixa de ritmos. De resto, são as batidas primárias, a energia (assustadoramente negativa e disforme no tema final “Sinister waltz”) e as palavras violentas de sempre. Os Fall são, à entrada dos anos 90, aquilo que os Sex Pistols foram meteoricamente nos 70 – um murro na cara do sistema. ***
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