10 ABRIL 1991
VÍDEOS
KATE BUSH
The Sensual World
PMI, Emi-VC, 36 min.
Ao contrário do que o título faz supor, não se trata de imagens alusivas ao mais recente álbum da cantora, mas de uma entrevista em que esta fala de si própria e dos seus métodos de trabalho – ficamos a saber, por exemplo, que Alfred Hitchcock é a maior das suas fontes de inspiração ou que utiliza a seu bel-prazer as energias masculina e feminina –, intercalada de excertos de “clips” sortidos, como “Running up that Hill”, “Cloudbursting”, “Big Sky”, “This Woman’s Work” (canção de “Sensual World” apenas incluída no CD) ou o próprio título que dá nome ao álbum, entre outros.
De beleza falsamente ingénua, abrasiva e pose dançarina de “The Kick Inside” (Verão escaldante, logo que a vemos cantar e dançar em “Wuthering Heights” ou no espectáculo ao vivo de 1979, no Hammersmith Odeon) até à actual maturidade, vai a distância que separa a mulher de voz e expressão exóticas – e eróticas – da artista completa. Faz uma certa impressão vê-la ao natural, mais velha e sem maquilhagem. Às vezes é preferível desconhecer o rosto verdadeiro, escondido por detrás dos nossos sonhos. Em termos musicais, Kate Bush não tem parado de progredir, afirmando-se, de álbum para álbum, como uma das mais interessantes compositoras e vocalistas da actual cena britânica. “The Dreaming” e “Hounds of Love” revelaram-na apostada em seguir as vias difíceis do experimentalismo. “The Sensual World” acrescenta novos mundos ao seu universo temático-musical. Que misteriosas estradas vão desde a alma até à flor da pele? Por que gestos e sons se abrem as portas do prazer? No “clip” de “The Sensual World” é princesa e depois apenas mulher, caminhando contra o tempo numa floresta de fábula. Folhas, neve, fogo, texturas de cor e estrelas. Rosácea de segredos. Império dos sentidos. ***
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