Pop Rock
6 EVEREIRO 1991
REEDIÇÃO
6 EVEREIRO 1991
REEDIÇÃO
PUBLIC IMAGE LTD.
The Greatest Hits, so far
LP duplo e CD, Virgin, distri. Edisom
A colectânea traça em traços gerais, e por ordem cronológica, as principais linhas de força que ao longo dos anos determinaram o percurso estético da banda liderada por Johnny “Ex-Rotten” Lydon. Desde os tempos em que não quis ser “punk”, ou teve medo ou fartou-se ou vá lá saber-se porquê, até à imposição progressiva da imagem de qualidade e prestígio de que actualmente desfruta. Desde 1978, várias personalidades tiveram direito a “imagem pública”, com destaque para Jah Wobble, hoje senhor de terras mais exóticas. Mudaram-se os nomes, manteve-se a vontade, coragem e lucidez do rapaz que queria a anarquia no Reino Unido. Quanto às razões que terão motivado a extinção, para muitos prematura, dos Sex Pistols, talvez a letra de “Public Image” possa fornecer alguns esclarecimentos: “Dois lados para uma única história./ Alguém tinha que me parar./ Não sou o mesmo que era quando comecei,/ não quero ser tratado como uma propriedade” ou ainda, na mesma canção: “Atrás da imagem havia ignorância e medo.” Mas medos passados não movem moinhos e este disco não pára um momento quieto; enérgico e inteligente na maneira como as palavras de Lydon, incisivas e amiúde cruéis, se cruzam e digladiam contra o vórtice instrumental. Os PIL socam na cabeça e no estômago, em golpes, nunca baixos mas de baixo pneumático, sejam eles desferidos por Jah Wobble, Bill Laswell ou Allan Dias. A guitarra acaricia como uma serra eléctrica. A electrónica perfura, tal qual uma broca de dentista. Brutamontes? Bill Laswell chamou em tempos ao ex-Sex Pistols “Ornette Coleman dos vocalistas ‘new wave’”. Com ele já trabalharam nomes como Ginger Baker, Tony Williams, Larry Shankar e Ryuichi Sakamoto, nenhum deles propriamente “mãozinhas de cimento”. Em “Greatest Hits” quase não há pausas para respirar. De “Death Disco”, “Memories” (várias vezes a voz do cantor lembra a do velhinho Roger Chapman, dos Family…), “Careering” (em registo Einstürzende Neubauten, para uma hipotética homenagem a um dos seus heróis, Peter Hammill, que por sinal compôs uma canção com o mesmo nome), “Flowers of Romance”, “This is not a Love Song”, “Rise” (manifesto da produção Laswell) até ao “funky” tribal de “The Body” e “Warrior”, os PIL fazem de cada tema uma celebração exuberante do anticonvencionalismo. No final, um tema inédito: “Don’t Ask me” – canção pop que condensa o Apocalipse numa gota de mel. ****
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