6 FEVEREIRO 1991
FRONT 242
Tyranny for you
LP e CD, Play it Again Sam, distri. Contraverso
Em sintonia com os tempos que correm, existem pressupostos ideológicos ambíguos, subjacentes à produção artística deste quarteto belga, em actividade desde 1981. Para D. Bressanutti, P. Codneyz, J. L. de Meyer e Richard J. K. o rótulo “electronic body music” serve de pretexto para desenvolver todo um discurso aparentemente militarista e totalitário. Ao longo dos cinco álbuns que contam no activo, a estratégia tem-se mantido praticamente inalterável: utilização sistemática de ritmos electrónicos maquinais (parece que meia Europa aprendeu, melhor ou pior, a lição dos Kraftwerk…), atravessados por vozes e ruídos samplados, sobre os quais o vocalista humano vai enumerando todas as misérias do mundo contemporâneo. Dá para dançar.
Dos temas preferidos dos rapazes consta o dos jogos de poder, relação senhor-escravo, do tipo chicotes e cabedal negro. Conseguiram minimamente perturbar-nos em “Official Version”, até à data o seu melhor trabalho.
Depois limitaram-se a repetir a fórmula, procurando novas soluções que teimam em não aparecer. Neste novo registo limitam-se a fabricar ritmos sobre ritmos e a berrar mais umas tantas palavras de ordem. O problema dos jogos de poder está em que a vítima acaba inevitavelmente por ser o suposto senhor. Sadomasoquistas ou militaristas, os Front 242, de momento, também lambem as feridas e marcam passo. **
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