SEGUNDA-FEIRA,
26 JUNHO 2000 cultura
Disco
de inéditos celebra a maior festa do Porto
S. João
junta música e corações
Piiip. O som
do embate do martelo de plástico na cabeça tornou-se o sinal sonoro da noite de
S. João do Porto. Este ano, porém, o piiip-show teve como banda sonora a música
da Orquestra Junta Corações que, na ocasião, lançou ao vivo um álbum alusivo a
este ritual sem paralelo no resto do país.
Todos os anos, pelo S. João,
o Porto enlouquece.
Na
noite de 23 para 24, munidos de dispositivos bélicos em forma de martelos de
plástico, por vezes gigantescos, os portuenses desferem-se mutuamente golpes no
crânio. A eficácia de tais golpes mede-se pelo maior ou menor volume de som
provocado por um apito incrustado nos ditos martelos. Os estragos, sobretudo
psicológicos, provocados pela constância dos apitos – pip, piip, piiip, pela
noite fora – podem ser avassaladores. Uma apitadela sonante significa uma
valente martelada, em cheio no cocuruto. Apitadelas débeis querem dizer que se
errou o alvo e que é preciso repetir a pancada.
Foi
neste ambiente de loucura esfuziante e de martelada ritual que decorreu o
lançamento do álbum “Junta Corações”, projeto discográfico nascido de uma
iniciativa da Culturporto para o S. João do Porto – Festas da Cidade, que
ilustra de forma inédita o tradicional Baile de S. João.
“Junta
Corações” junta os corações de diversos músicos e letristas da música popular
portuguesa, naturais do Porto, em 13 canções (a maior parte inéditos ou com
arranjos especificamente feitos para esta gravação) que recriam o ambiente
único das festas joaninas da cidade do Porto.
O
alinhamento apresenta, por esta ordem, os temas: “S. João do Porto”, de João
Lóio e José Mário Branco, “À sombra de dois trombones”, de Mário Alves,
“Borralho”, de Regina Guimarães e Pedro Guedes, “Marcha brilhantina”, de José
Topa e João Lóio, “S. João pagão”, de Rui Reininho e João Paulo Neves, “Erva
proibida”, de Regina Guimarães e Pedro Moura, “Força aérea”, de Regina
Guimarães e Carlos Azevedo, “Todos à rua”, de João Lóio e José Mário Branco,
“Uma noite não são noites”, de Pedro Osório, “A marcha do viaduto”, de José
Topa e José Sarmento, “No baile com S. João”, de Norberto Barroca e Paulino
Garcia, “É nosso o S. João”, de Sérgio Godinho, e “O barco para a Afurada”, de
Pedro Abrunhosa.
Os
arranjos e direção musical são de José Sarmento e João Lóio, estando a
interpretação a cargo de um grupo e de um coro especialmente formados para esta
gravação patrocinada pelo “Jornal de Notícias”, chamados Orquestra Junta
Corações, com as vozes solistas de Diana Bastos e Mário Alves.
“Junta
Corações” foi apresentado ao vivo, em plena noite de S. João, na Praça da
Liberdade, pela referida Orquestra, com arranjos e direção musical de Pedro
Guedes e a presença da cantora convidada Ana Barros. Compõem esta formação que
se propôs “revivificar a verdadeira fórmula do baile são-joanino”, Diana Bastos
e Mário Alves (vozes), Artur Caldeira (guitarra), Firmino Neiva (baixo),
Casimiro Talaia (bateria), José Sarmento e Carlos Azevedo (piano elétrico,
sintetizador e órgão), Manuel Joaquim Silva, José Luís Rego e Fernanda Alves
(saxofones), Pedro Mendes (trombone), Rogério Ribeiro (trompete), Jorge Salgado
(flautas), Arnaldo Fonseca (acordeão) e Ana Luísa Dias de Carvalho, António
Miguel, Jorge Prendas e Regina Castro (coros). Piiip.
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