05/12/2014

S. João junta música e corações



SEGUNDA-FEIRA, 26 JUNHO 2000 cultura

Disco de inéditos celebra a maior festa do Porto

S. João junta música e corações

Piiip. O som do embate do martelo de plástico na cabeça tornou-se o sinal sonoro da noite de S. João do Porto. Este ano, porém, o piiip-show teve como banda sonora a música da Orquestra Junta Corações que, na ocasião, lançou ao vivo um álbum alusivo a este ritual sem paralelo no resto do país.

Todos os anos, pelo S. João, o Porto enlouquece.
            Na noite de 23 para 24, munidos de dispositivos bélicos em forma de martelos de plástico, por vezes gigantescos, os portuenses desferem-se mutuamente golpes no crânio. A eficácia de tais golpes mede-se pelo maior ou menor volume de som provocado por um apito incrustado nos ditos martelos. Os estragos, sobretudo psicológicos, provocados pela constância dos apitos – pip, piip, piiip, pela noite fora – podem ser avassaladores. Uma apitadela sonante significa uma valente martelada, em cheio no cocuruto. Apitadelas débeis querem dizer que se errou o alvo e que é preciso repetir a pancada.
            Foi neste ambiente de loucura esfuziante e de martelada ritual que decorreu o lançamento do álbum “Junta Corações”, projeto discográfico nascido de uma iniciativa da Culturporto para o S. João do Porto – Festas da Cidade, que ilustra de forma inédita o tradicional Baile de S. João.
            “Junta Corações” junta os corações de diversos músicos e letristas da música popular portuguesa, naturais do Porto, em 13 canções (a maior parte inéditos ou com arranjos especificamente feitos para esta gravação) que recriam o ambiente único das festas joaninas da cidade do Porto.
            O alinhamento apresenta, por esta ordem, os temas: “S. João do Porto”, de João Lóio e José Mário Branco, “À sombra de dois trombones”, de Mário Alves, “Borralho”, de Regina Guimarães e Pedro Guedes, “Marcha brilhantina”, de José Topa e João Lóio, “S. João pagão”, de Rui Reininho e João Paulo Neves, “Erva proibida”, de Regina Guimarães e Pedro Moura, “Força aérea”, de Regina Guimarães e Carlos Azevedo, “Todos à rua”, de João Lóio e José Mário Branco, “Uma noite não são noites”, de Pedro Osório, “A marcha do viaduto”, de José Topa e José Sarmento, “No baile com S. João”, de Norberto Barroca e Paulino Garcia, “É nosso o S. João”, de Sérgio Godinho, e “O barco para a Afurada”, de Pedro Abrunhosa.
            Os arranjos e direção musical são de José Sarmento e João Lóio, estando a interpretação a cargo de um grupo e de um coro especialmente formados para esta gravação patrocinada pelo “Jornal de Notícias”, chamados Orquestra Junta Corações, com as vozes solistas de Diana Bastos e Mário Alves.
            “Junta Corações” foi apresentado ao vivo, em plena noite de S. João, na Praça da Liberdade, pela referida Orquestra, com arranjos e direção musical de Pedro Guedes e a presença da cantora convidada Ana Barros. Compõem esta formação que se propôs “revivificar a verdadeira fórmula do baile são-joanino”, Diana Bastos e Mário Alves (vozes), Artur Caldeira (guitarra), Firmino Neiva (baixo), Casimiro Talaia (bateria), José Sarmento e Carlos Azevedo (piano elétrico, sintetizador e órgão), Manuel Joaquim Silva, José Luís Rego e Fernanda Alves (saxofones), Pedro Mendes (trombone), Rogério Ribeiro (trompete), Jorge Salgado (flautas), Arnaldo Fonseca (acordeão) e Ana Luísa Dias de Carvalho, António Miguel, Jorge Prendas e Regina Castro (coros). Piiip.

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