20|FEVEREIRO|2004 Y
discos|roteiro
PACO DE LUCÍA
Cositas Buenas
Ed.
e distri. Universal
7|10
Melhor
“Cositas Buenas” do que nada. Paço de Lucía, um dos magos do flamenco, é
incapaz de fazer maus discos. O “duende” pode estar mais ou menos adormecido
dentro de si mas pode sempre esperar-se alguma chama. Sem o esplendor de álbuns
como “Entre Dos Aguas”, “Siroco” ou “Almoraima”, “Cositas Buenas” impele à
dança dervíchica e induz à sensualidade, dando voz e corpo à modernidade que
tem sido desde sempre apanágio do guitarrista. O flamenco funde-se com o jazz
rock no título tema e em “Antonia”, e com África, em “El dengue”. Estão
presentes as palmas, os olés de incitamento e, na melhor de todas estas
coisinhas boas, a voz de Camarón de la Isla (há aqui um enigma por resolver: as
composições são novas, a voz não parece samplada mas a verdade é que o cantor
há mais de dez anos que deixou o mundo dos vivos…) e a guitarra de Tomatito, em
“Que venga el alba”. As bulerias, tangos, rumbas e tientos de “Cositas Buenas”
mais do que fogo são água que refresca. A limpidez com que Paço de Lucía a faz
nascer permanece impoluta.
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