Y 6|FEVEREIRO|2004
roteiro|discos
WIM MERTENS
Skopos
Usura,
distri. Megamúsica
6|10
Wim
Mertens tem um dilema. Empenhado na criação de uma obra monumental, nalguns
casos impenetrável, dispersa por trilogias, tetralogias e infinitologias,
sente-se, por outro lado, impelido a mostrar um lado mais acessível e “fácil”
da sua música. “Skopos” pertence à categoria do Mertens “ligeiro” e
“mainstream”. Armado do seu “ensemble”, o compositor flamengo cria um híbrido
de estilos e sonoridades exóticas capazes de seduzir o ouvido pelo imediatismo.
Flamenco e música árabe fazem a sua aparição em “And growth can be heard”,
“Further hunting” é pretexto para percussões em compasso de “house” subliminar
e “Swirling backwards” reinventa o lado erudito dos Tuxedomoon, enquanto “From
out of which” retoma as velhas pianadas num registo pop próximo dos Penguin Cafe
Orchestra e “Bold forgetting” e “Working the ploughs” apostam no minimalismo
romântico que depois de “O Piano” de Nyman não cessou de se repetir. Sem dúvida
bonito, mas longe da estranha música de câmara de “Vergessen”, “Struggle for
Pleasure” e “Maximizing the Audience”, aqui apenas igualada pelo belíssimo (e Nymaníssimo…)
epílogo, “Bewildering din”.
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