PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 2 JANEIRO 1991 >> Pop Rock >> Balanço 1990
ELECTRO
Tornado obsoleto o termo “new age” – por
demasiado redutor quando aplicado, na generalidade, a músicas formal e
esteticamente assentes no primado da eletrónica –, nem por isso estas têm
deixado de enveredar por caminhos e “idades” (passadas e futuras) que
constantemente procuram atualizar o conceito de “novo”, “Ambiental”,
“industrial”, “planante”, “meditativa”, “ritual”, “techno”, são outras tantas categorias
abrigando o espírito exploratório dos “malucos” dos computadores,
sequenciadores, sintetizadores e máquinas afins, unidos na epopeia de “dar
novos mundos” ao mundo da música.
1990 foi o ano da pluralidade e da síntese dos
folclores planetários (reais ou imaginários) com a alquimia digital. Nunca como
agora soaram tão bem juntos o vento, a água, o canto das vozes e dos
instrumentos tradicionais, a eletricidade e a imaginação humana. Insustentável beleza do Apocalipse…
City: Works of Fiction
Land, import. Contraverso
Three Penitential Visions/Hidden Voices
Elektra Nonesuch, import. VGM e Contraverso
Arrows
Made to Measure, distri. Contraverso
Ersatz
Pinpoint, import. Contraverso
Dieter Moebius (antigo companheiro de Joachim Roedelius, nos Cluster) e um tal Renziehausen, inventaram a fábrica do futuro. Ambientais, industriais, frios, robóticos, hipnóticos, os Ersatz são tudo o que se lhes quiser chamar. Se Roedelius representava a faceta romântica dos Cluster, Moebius deitou para trás a melodia e carrega com força na tecla do ritmo e dos automatismos eletrónicos. Abstrata, terrivelmente sedutora, a música destes alemães prolonga a racionalidade milimétrica dos Kraftwerk até ao limite demoníaco da pura matemática.
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