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5|JANEIRO|2001
|figura|
CRISTINA BRANCO Não é habitual uma cantora de fado começar a carreira no
estrangeiro antes de ver reconhecido o seu trabalho em Portugal. Mas foi isso
que aconteceu com Cristina Branco, 27 anos, currículo feito na Holanda, que
acaba de assinar contrato com a Universal o que significa que os seus discos
terão pela primeira vez edição e distribuição nacional.
Integra uma geração de novas
fadistas à qual também pertencem Mafalda Arnauth, Sofia Varela, Joana
Amendoeira, Marisa e Cátia Guerreiro. Ela prefere chamar-se “cantora de fado”,
em vez de “fadista”, distinção que, no seu caso, faz sentido. Embora tenha
crescido a ouvir fado (o primeiro de todos foi “Ai Mouraria”) assimilou
igualmente a música de José Afonso ou de Sérgio Godinho. E Amália, claro, que
deixou marcas, quando pela primeira vez ouviu da diva o álbum “Rara e Inédita”.
Emigrante, encontrou na Holanda a
sua casa e foi neste país que gravou o disco de estreia, “Cristina Branco Live
in Holland” (1997), aos quais se seguiram “Murmúrios”, com fados de Amália,
textos de David Mourão-Ferreira e canções de Sérgio Godinho e Zeca Afonso,
“Postscriptum”, a partir de um poema de Maria Teresa Horta, e “Cristina Branco
canta Slauerhoff”, sobre versos do poeta holandês J. J. Slauerhoff.
Em Cristina Branco o fado é música
do mundo, em que cada pormenor, do gesto à formulação das emoções, do vestuário
à estrutura cénica e musical dos espetáculos ao vivo, segue um roteiro onde a
sofisticação e a elegância se aliam à expressividade. Uma “cantora de fado”
chegada, na atitude, à mundivisão dos Madredeus, cuja voz encontrou na guitarra
transcendente de Custódio Castelo a companhia ideal.
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