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12|JANEIRO|2001
escolhas|televisão
o dia B
Quem
são os Beatles? A questão tem intrigado geração após geração de ouvintes ávidos
de conhecimentos sobre uma das bandas mais enigmáticas do rock. No Domingo o
canal VH1 desvendará alguns segredos num “Beatles Day”.
Sobre
os Beatles existe hoje apenas uma certeza: era quatro, cabeludos, nenhum tocava
“sitar” a não ser George Harrison e todos os outros grupos, durante e depois,
olhavam para eles com inveja.
Estranhamente, os Beatles voltam a
estar na ordem do dia. 2000 foi o ano dos Beatles como já haviam sido anos dos
Beatles todos os da década de 60. Já sem falar da criação do site oficial ou da
publicação, também oficial, da biografia do grupo. Já sem falar, sequer, do
facto da coletânea “1”, com singles que atingiram o top 1 em Inglaterra e nos
EUA, bater recordes de vendas e do álbum 1966, “Revolver”, ser considerado pelo
canal VH1 o melhor álbum popular de sempre.
Importante é o facto de existir uma
quantidade de crianças que gosta de ouvir os Beatles e conhece já algumas das
letras e melodias de cor, de filhos e filhas de muita gente que pede aos pais
para comprar os discos e sabe distinguir os elementos da banda, catalogando-os
como “o dos óculos”, “o vaidoso”, “o simpático” e “os dos cabelos mais
compridos”.
Que diabo, não seria mais natural e
de acordo com uma atitude pós-moderna, que as crianças do século XXI ouvissem
antes um qualquer DJShit ou se deliciassem com as experiências pan-culturais do
mais recente coletivo de fusão de World music? Mas não, as crianças descobriram
os Beatles e, pior do que isso, gostam de ouvir a sua música.
Mas não são só as crianças. Também
os adultos correm a comprar “1”, mesmo aqueles que já têm em casa a discografia
completa do grupo, em vinilo, cassete, CD, mini-disc, DVD e CR-ROM. Isto, quer
queiramos quer não, intriga.
É verdade que é sempre possível
tecer uma teoria com bastante sentido: em tempo de tecno, house, internet, “Big
Brother” e “Rods dos Milhões”, num universo cada vez mais virtual, os Beatles
representariam o regresso à pureza original da canção e a valorização do génio
e da criatividade humanos sobre a exatidão clínica das máquinas.
Em todo o caso, falou-se com
pessoas, só para confirmar, para deste modo poder respirar-se de alívio.
Pergunta: “Comprou a coletânea ‘1’ dos Beatles?”. Resposta invariável de 9 em
cada 10 inquiridos: “Sim, comprei!”. Pergunta: “Mas já conhecia ou tinha em
casa os álbuns do grupo?”. Resposta: “Sim, tinha-os todos!”. Pergunta: “Então
por que razão comprou a coletânea ‘1’? Decerto terá sido pelo desejo de um
regresso à pureza original da canção e a valorização do génio e da criatividade
humanos sobre a exatidão das máquinas?”. Resposta: “Hã? Não! Foi porque ocupa
pouco espaço e é mais fácil de tocar no leitor de CD do carro!”
Hits e mais hits. “The Beatles Day”,
com passagem, domingo, ao longo de todo o dia, está dividido nos seguintes
módulos: “The Beatles: Top 10” (14h, 18h e 21h), uma escolha das 10 melhores
canções de sempre dos “fabulous four” (também conhecidos como The Beatles);
“Ten of the Best: Paul McCartney” (15h e 20h), outro top 10, desta feita
compilado por Paul McCartney, também conhecido como “o vaidoso”. Destaque, no
meio da simpatia, para a apresentação do espetáculo “Paul McCartney, Live at
the Cavern” que teve lugar o ano passado, um regresso à mítica sala de
Liverpool que viu os Beatles crescer para o estrelato.
Entre um pacote de “hits” e outro
pacote de “hits”, espaço, às 16h, para recordar um episódio especial do
programa de televisão dos anos 60, “Ed Sullivan’s Rock ‘n’ Roll Classics”, no
qual canções da dupla Lennon/McCartney são interpretadas por Petula Clark,
Smokey Robinson, Billy J. Kramer e… os próprios Beatles.
“Premiere: Greatest Hits - The Beatles”
(16h30 e 1h30), trata-se, como diriam os Monty Python, de “something completely
diferente”: a apresentação de “hits” dos Beatles como “Help”, “Get back”,
“Penny lane” e “Hello goodbye”, sem comentários, sem depoimentos, sem nada, só
Beatles.
“Premiere: Behind the Music - John
Lennon” (22h e 00h) conta a história do Beatle assassinado, vulgo “o dos
óculos”, com entrevistas a Yoko Ono (também conhecida como “a bruxa”), os
filhos Sean e Julian, o amigo e inimigo de sempre, Paul “Macca” McCartney, e Ringo
Starr, “o simpático”.
Em “Storytellers: Ringo Starr”
(23h), “o simpático” fala de si, de como toda a gente achava que ele era mau
baterista mas tinha imenso jeito para contar anedotas. Não se sabe bem porquê,
mas George Harrison, “o dos cabelos mais compridos”, não teve direito a bloco.
Deve ter sido por ter gravado à revelia dos Beatles um dos maiores sucessos de
1970, “My sweet Lord”.
Beatles
Day
VH1, DIA
14 DOMINGO, ENTRE AS 14H00 E A 1H30
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